Você já deve ter ouvido
falar sobre uma possível relação entre o uso de maconha e perda de memória. A
causa e efeito é complicada de provar. Afinal, é muito difícil (ou impossível)
eliminar variações individuais, como as naturais diferenças de memória entre as
pessoas – sejam elas usuárias ou não. Pedir para pessoas fumarem só para
fazer um estudo também pode gerar algumas complicações éticas ou legais.
Entretanto, uma nova pesquisa pode ter conseguido cravar que a relação, de
fato, existe. O estudo também faz
outra afirmação de impacto: a memória pode ser recuperada após pouquíssimo
tempo de abstinência.
Para se desvencilhar
dos problemas técnico/éticos, a equipe da pesquisadora Randi Schuste, professora
assistente em Harvard e pesquisadora na área de neurologia do Hospital de
Massachusetts, resolveu ir pelo caminho contrário: ao invés de pedir para que
os participantes começassem a fumar, exigiu de parte de suas cobaias a
abstinência total – remunerada, para incentivar um comprometimento maior. Os
pesquisadores também faziam testes de urina para confirmar a ausência de
maconha no organismo dos participantes.
Foram recrutadas 88
pessoas, com idade entre 16 e 25 anos, que fumavam maconha pelo menos uma vez
por semana. Dois terços deles foram selecionados, aleatoriamente, para parar de
fumar. A partir daí, testes para comparar a capacidade de memorização desses
participantes começaram a ser feitos semanalmente.
Os resultados foram
rápidos. A memória dos abstêmios melhorou já na primeira semana sem fumar, e
continuou assim até o final do estudo. Já entre os adeptos da cannabis,
também houve um aumento na memorização, mas isso só aconteceu após um mês, e se
deve a uma limitação do estudo (segundo os cientistas, os voluntários
estavam apenas se acostumando com o teste, não necessariamente melhorando
sua memória).
Os pesquisadores
analisaram os cérebros dos participantes e constataram que, por motivos ainda
não compreendidos, os usuários de maconha possuem menos receptores canabinóides
no hipocampo, parte do cérebro relacionada à memória. Após três dias sem usar a
droga, o nível desses receptores voltava a aumentar.
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