Um levantamento preliminar do governo britânico indica que a taxa de
suicídios de adolescentes de 15 a 19 anos quase dobrou nos últimos oito anos
naquele país, embora tenha diminuído entre outras faixas etárias. A informação
foi divulgada no último domingo pelo jornal The Times, ao
repercutir a acusão feita pelo pai de uma garota de 14 anos que tirou a própria
vida “com ajuda do Instagram”, nas palavras da família.
O assunto foi abordado nos principais meios de comunicação do Reino
Unido: Ian Russel, que perdeu a filha, Molly, em 2017, revelou que a jovem teve
acesso a imagens perturbadoras na rede social, antes de tomar a decisão.
Segundo o pai, faltam mecanismos eficazes para bloquear fotos desse tipo, bem
como inibir grupos que incentivam o suicídio e a automutilação.
A reportagem do The Times fala em “geração suicida”, ao revelar que a
taxa de suicídios de adolescentes passou de 5 por 100 mil no ano passado, sendo
que em 2010 era de 3 em 100 mil. Especialistas destacam a influência das mídias
sociais nesse aumento e representantes do governo britânico dizem que as
empresas da tecnologia têm o dever moral de agir contra esse tipo de conteúdo.
Eles chegam a mencionar uma possível regulação, caso isso não aconteça.
Alguns estudos têm mostrado a relação entre tempo de tela e o risco mais
alto de depressão, ansiedade e ideação suicida. Outros indicam que muitos
jovens, antes de decidir por tirar a própria vida, consultam sites ou páginas
que incentivam o suicídio. O Instagram têm se defendido nas reportagens e diz
que já existem algoritmos para eliminar conteúdos impróprios, mas que nem tudo
sobre o tema pode ser eliminado porque o compartilhamento de histórias também
ajuda usuários em recuperação.
No Brasil, o CVV (Centro de Valorização da Vida – www.cvv.org.br) tem
feito parcerias com as principais plataformas para que os usuários sejam
direcionados para a sua página ao buscar temas relacionados a suicídio ou
automutilação. O centro oferece atendimento 24 horas por e-mail, chat, carta ou
telefone, com total sigilo, além de dicas para quem quer ajudar um amigo ou
familiar. Existem iniciativas semelhantes no Reino Unido e em vários outros
países.
Mas é preciso fazer mais. As empresas precisam exercer sua
responsabilidade social, mas também é preciso que temas como vergonha, medo,
desesperança, depressão e suicídio deixem de ser um tabu e sejam discutidos por
todos; em casa, na escola, no trabalho, no consultório médico etc. Só assim os
jovens vão saber que existe solução para o sofrimento delas.
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