Resumo
da notícia.
Condição inclui excesso
de peso, pressão alta e níveis alterados de glicose, triglicérides e colesterol
Mortalidade por doença
cardiovascular é três vezes mais alta para quem tem a síndrome
Estima-se que entre 20%
a 25% da população adulta mundial tenha a condição
Com mudanças no estilo
de vida e medicamentos, é possível controlar os fatores de risco antes de
sofrer complicações.
A síndrome metabólica é
um conjunto de alterações que envolvem o metabolismo e são fatores de risco
para doenças cardiovasculares --como ataques cardíacos, derrames
e diabetes,
que estão entre as principais causas de morte no país e no mundo.
A síndrome não é tão
popular entre os leigos, embora suas manifestações sejam bem conhecidas pelas
pessoas: cintura larga, açúcar no sangue elevado, colesterol alterado e/ou
pressão alta. Sozinho, cada um desses fatores já é capaz de aumentar o risco de
doenças. Mas quando a síndrome está presente, os problemas se multiplicam: as
estatísticas mostram que a mortalidade por doença cardiovascular é três vezes
maior nesse caso. É por isso que os médicos passaram a chamar atenção para a
síndrome metabólica --ao intervir nessa fase, é possível evitar uma série de
complicações.
Definição.
Segundo a Federação
Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês), a definição de síndrome
metabólica inclui:
Obesidade abdominal
(circunferência abdominal maior que 94 cm em homens e 80 cm em mulheres) e ao
menos duas das seguintes alterações:
Triglicérides maior ou
igual a 150 mg/dL ou em tratamento;
Colesterol HDL menor
que 40 mg/dL para homens e 50 mg/dL para mulheres;
Pressão arterial
sistólica maior ou igual a 130 mmHg ou pressão arterial diastólica maior ou
igual a 85 mmHg ou em tratamento (o popular 13 por 8);
Glicemia de jejum maior
ou igual a 100 mg/dL ou diagnóstico prévio de diabetes.
Resistência
à insulina.
Um dos fatores
considerados chave para a síndrome é a chamada resistência insulínica, ou seja,
quando as células do corpo começam a ficar menos sensíveis ao hormônio
insulina, responsável por transformar a glicose em energia ou armazená-la em
forma de gordura.
Com o passar do tempo,
as células se tornam resistentes ao hormônio, o que leva ao aumento do açúcar
no sangue (glicemia). O corpo reage com uma liberação cada vez maior de
insulina, o que sobrecarrega as células beta, no pâncreas, que produzem o
hormônio. O estágio final desse processo é o diabetes tipo 2 --as células beta
deixam de produzir insulina suficiente e o indivíduo passa a ter hiperglicemia.
História.
O conceito da síndrome
metabólica foi inicialmente descrito em 1920. No final dos anos de 1970, a
condição passou a ser chamada de doença de Heavens e, mais tarde, de
"síndrome X". Em 1998, a OMS (Organização Mundial de Saúde)
desenvolveu um critério de definição para esse quadro, chamando-o, pela
primeira vez, de "síndrome metabólica".
Prevalência.
Estima-se que entre 20%
a 25% da população adulta mundial tem síndrome metabólica. A tendência é que
essa prevalência aumente por causa do avanço da obesidade.
Até os 50 anos de
idade, a condição tem sido ligeiramente mais diagnosticada entre os homens. A
partir dessa faixa etária, a frequência passa a ser mais alta entre as
mulheres, o que pode ser explicado pelas modificações hormonais que acontecem
após a menopausa.
Causas
e fatores de risco.
A síndrome é causada
por uma combinação de fatores genéticos e ambientais, como excesso de peso e
sedentarismo. Abaixo estão os principais fatores da doença.
Genética:
algumas pessoas têm uma predisposição a condições como obesidade, diabetes,
pressão alta e hipercolesterolemia.
Envelhecimento:
a síndrome se manifesta na idade adulta e o risco tende a aumentar com o avanço
da idade, principalmente após os 50 anos.
Menopausa:
a queda no nível de estrogênio gera alterações no metabolismo que podem
facilitar o ganho de peso e o aumento da pressão arterial.
Obesidade:
o excesso de peso contribui para as alterações na pressão arterial e nos níveis
de glicose, triglicérides e colesterol, mas estudos mostram que a adiposidade
abdominal é a mais perigosa. Assim, a circunferência da cintura é uma medida
mais importante que o Índice de Massa Corporal (IMC) quando se diagnostica a
síndrome.
Sedentarismo:
praticar exercícios regularmente ajuda a controlar o nível de glicose, a
pressão arterial e fatores inflamatórios associados à doença cardiovascular.
Também dá uma mão para a perda de peso saudável.
Dieta
inadequada: uma alimentação rica em calorias leva
ao aumento do peso. Além disso, certos hábitos insalubres, como ingerir pouca
fibra, exagerar no açúcar e na gordura insaturada, contribuem para a
resistência à insulina.
Uso
de alguns medicamentos: certas drogas podem facilitar o
aumento de peso ou alterações na pressão e nos níveis de glicose e colesterol
em alguns usuários. Remédios para alergia, doenças inflamatórias, HIV
e transtornos psiquiátricos são alguns exemplos.
Outros fatores têm sido
associados à síndrome metabólica, mas a relação ainda precisa ser melhor
compreendida pelos pesquisadores, como:
Sono
insuficiente: dormir pouco, ou mal (o que ocorre, por
exemplo, com quem sofre de apneia do sono), tem efeito direto nos níveis de glicose
e ainda leva ao aumento do apetite por alimentos ricos em calorias.
Estresse: estudos
associam excesso de cortisol (o hormônio do estresse) à obesidade abdominal e a
alterações na pressão e na glicemia.
Síndrome
de ovários policísticos: além de provocar aumento de peso,
há evidências de que a condição esteja ligada a um risco mais alto de diabetes.
Fígado gorduroso: o excesso de
triglicérides e outras gorduras no fígado pode ter ligação com a síndrome.
Fatores inflamatórios e
pró-trombóticos (que facilitam a formação de coágulos): também podem ser causa
ou consequência da síndrome.
Sintomas
ou sinais.
A maioria das pessoas
que tem a síndrome metabólica não apresenta sintomas. Quando ocorrem, costumam
ser consequências de suas manifestações, como:
Acúmulo de gordura no
abdome (a popular "barriga de cerveja" é o único sinal visível da
síndrome metabólica);
Hipertensão (que pode
ser assintomática ou provocar sintomas como dores de cabeça, mal-estar geral,
cansaço, tonturas ou zumbidos);
Alterações da glicemia
ou diabetes (que podem ser assintomáticos ou provocar boca seca, perda de peso
e muita sede, nos casos mais agudos);
Alterações nos níveis
de colesterol e/ou triglicérides.
Complicações.
As principais
complicações são o diabetes e a aterosclerose (entupimento das artérias), que
pode levar a infartos ou derrames.
Diagnóstico.
A síndrome pode ser
diagnosticada a partir do exame clínico do paciente, medidas de cintura e
pressão arterial, junto com resultados de exames de sangue para aferir os
níveis de glicemia, insulina, colesterol e triglicérides.
Tratamento.
O tratamento envolve
medicamentos e mudanças no estilo de vida. Isso envolve a prática regular de
atividades físicas, dieta saudável orientada pelo profissional de saúde, perda
de peso e combate ao tabagismo e excesso de álcool.
Veja alguns exemplos de
remédios indicados para a condição, de acordo com os fatores de risco do
paciente:
- Antidiabéticos, como
a metformina os agonistas do GLP-1 (ex: liraglutida), que auxiliam na perda de
peso e na prevenção do diabetes.
- Estatinas, que promovem melhora do perfil lipídico (colesterol)
- Anti-hipertensivos, ajudam a manter a pressão arterial equilibrada.
Como ajudar que tem a
síndrome?
Modificar hábitos é
sempre um desafio difícil, por isso é importante ter o apoio e a participação
dos amigos e familiares para adotar uma alimentação saudável e fazer
exercícios. Todos saem ganhando, inclusive quem é saudável. Terapias e grupos
de autoajuda também podem ser úteis nesse sentido.
Como
prevenir.
- Tenha uma dieta
saudável: abuse de frutas e vegetais, e tenha moderação ao consumir açúcar,
álcool e gordura trans ou saturada. Outra dica é evitar itens com alto índice
glicêmico, como pão branco, batata, tapioca etc., ou consumi-los sempre com
fibras, para que o excesso de carboidrato seja absorvido lentamente
- Movimente-se:
praticar uma atividade física regular (por exemplo, 45 minutos de exercícios
três vezes por semana) é fundamental para evitar a síndrome metabólica e muitas
outras doenças. Pequenas mudanças na rotina, como trocar elevadores por
escadas, também são bem-vindas.
- Vá ao médico com
regularidade para verificar como está a pressão arterial, os níveis de glicose,
colesterol e triglicérides.
- Não fume: o cigarro
traz vários problemas à saúde, você sabe.
- Procure dormir bem e
procure o médico se tiver problemas com o sono.
- Gerencie o estresse:
meditação, ioga, ler um livro são algumas das atividades que ajudam a despachar
a tensão.
*** Fontes: Mario
Kehdi Carra, médico endocrinologista e presidente da Abeso (Associação
Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica); Graciela
Bussiki Corrêa da Costa, médica endocrinologista da Clínica Senses; IDF
(International Diabetes Federation); American Heart Association; SBEM
(Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia); NIH (National Heart,
Lung, and Blood Institute).
Nenhum comentário:
Postar um comentário