Ao menos 29 pessoas já
morreram após contrair dengue este ano no Estado de São Paulo, conforme a
Secretaria Estadual de Saúde. O número é quase dez vezes maior que as três
mortes registradas no mesmo período de 2018 - em todo o ano passado, a dengue
matou 10 pessoas. Conforme divulgou a pasta nesta quarta-feira, 20, outras 16
mortes estão sendo investigadas, havendo possibilidade de que a maioria se
confirme.
O número de casos confirmados
da doença nos dois primeiros meses deste ano também é mais que o dobro do total
de 2018. Foram 36.791 casos em janeiro e fevereiro, contra 15.050 de todo o ano
passado. No primeiro bimestre de 2018 houve apenas 1.947 casos.
Dos 645 municípios
paulistas, 603 já tiveram casos de dengue notificados neste ano. Na capital, os
casos confirmados nos dois primeiros meses deste ano já são 665, superando o
total de casos confirmados em todo ano de 2018, que foi de 560.
O número grande de
casos e a maior letalidade este ano, segundo o coordenador de Controle de
Doenças da Secretaria, Marcos Boulos, se devem à circulação de um novo tipo de
vírus, principalmente nas regiões norte e noroeste do Estado.
"Em anos
anteriores, circulava no Estado apenas o sorotipo 1, que foi o principal agente
da grande epidemia de 2015 e 2016, quando quase 1 milhão de pessoas foram
infectadas. Em 2017 e 2018, tivemos menos casos porque as pessoas que já
tiveram dengue estavam imunes ao mesmo vírus", explicou o coordenador. "O
problema é que apareceu o sorotipo 2 e, quando há reinfecção por um vírus
diferente, a pessoa não está imune e há potencial para uma gravidade
maior."
O temor é de que, ainda
este ano, o vírus do sorotipo 2 se espalhe pela Região Metropolitana de São
Paulo. "No próximo verão, vamos estar sob a influência do fenômeno El
Niño, tornando as condições mais propícias para o mosquito transmissor, como
aconteceu nas epidemias de 2015 e 2011. O tipo 2 está se espalhando e o risco é
de que chegue até as regiões mais populosas. O surto atual deve declinar com o
início do outono, mas há o risco de voltar muito forte em novembro e dezembro,
por isso precisamos manter o combate ao mosquito."
Epidemia.
O interior já vive uma
nova epidemia de dengue. As cidades com mais casos confirmados são Bauru
(6.008), Araraquara (3.824), São José do Rio Preto (3.239), Andradina (2.401),
Barretos (1.900), Fernandópolis (1.260) e São Joaquim da Barra (1.251). Segundo
o secretário de Saúde de São Joaquim, Rangel Luís de Melo, quando os boletins são
divulgados, os números já estão desatualizados, devido à ocorrência de novos
casos.
Cidades de menor porte
também têm índice alto de infecção, segundo boletim da pasta estadual.
Palestina, com 11 mil habitantes, tem 636 casos confirmados, enquanto Ituverava,
com 41 mil moradores, já soma 618 e Pereira Barreto (25 mil habitantes) tem 510
doentes confirmados.
As cidades com mais
mortes confirmadas são Bauru (10), São José do Rio Preto (4), São Joaquim da
Barra (4), Araraquara (4) e Andradina (2). Em Bauru, outros nove óbitos estão
em investigação. Três mortes suspeitas são investigadas em Birigui.
As prefeituras montaram
estruturas de atendimento exclusivo para pacientes com dengue e estão usando
inseticidas nas ruas contra o mosquito transmissor. Em Guararapes, com 214
casos, a prefeitura denunciou ao Ministério Público Estadual 12 donos de
imóveis que não permitiram a entrada de agentes antidengue. Outras 293 recusas
estão sendo apuradas.
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