FONTE:, Eduardo Nunes, https://www.msn.com/
Nada mais brasileiro do que a farinha de
mandioca. Quando os navegadores europeus aportaram por aqui, os índios já
haviam desenvolvido a técnica para neutralizar o veneno da mandioca brava
ou amarga e fazer a farinha. O farelo energético que podia ser armazenado
foi a barrinha de cereais dos nossos antepassados. Garantiu a sobrevivência de
indígenas e colonizadores e foi utilizado de norte a sul do país ao longo dos
séculos.
Gabriel
de Carvalho, nutricionista que trouxe o termo nutrição funcional para o Brasil
no final dos anos 1990, retoma a lógica básica por trás da necessidade de
colocar esses concentrados no prato. “As pessoas precisam porque estão
deficientes. Por que o colesterol baixa (com as farinhas)? Porque as pessoas
comem pouco ômega-3,
pouco peixe, por exemplo, e estão carentes” diz. Ou seja, o alimento faz bem
porque compensa um desequilíbrio. Gabriel, que come linhaça todos os dias,
aprova as farinhas como complementos na prevenção de doenças ou na fase de
manutenção após um tratamento.
Para
evitar a armadilha sensacionalista dos “alimentos mágicos”, é bom ter em conta
que a indicação desses produtos se baseia na composição química. Para boa parte
dos especialistas, ainda faltam estudos científicos mais relevantes em humanos.
Quando se obtém resultados animadores em cobaias, surgem evidências, mas
algumas questões ficam pendentes. Uma delas é quanto o organismo humano
consegue aproveitar os nutrientes do alimento, ou seja, da farinha, que é
chamado de biodisponibilidade, em linguagem técnica.
Fibras
solúveis e insolúveis ajudam a ficar em paz com o colesterol, a glicose, a
balança e o relógio intestinal, além de reforçar a imunidade. As fibras ficam
mais tempo no estômago e tornam mais lenta a absorção da glicose, evitando os
picos nas taxas de açúcar. Níveis mais estáveis de glicose favorecem tanto o
equilíbrio do diabetes quanto o mecanismo da saciedade, pois enquanto têm
combustível para queimar as células não mandam mensagens de fome para o
cérebro.
Aliadas
na prevenção das doenças cardiovasculares, como o infarto e o acidente
vascular cerebral (AVC), as fibras são capazes de enxugar o excesso de
colesterol, carregando com elas parte das gorduras. E ainda servem de alimento
para as bactérias do bem que moram no intestino. No final, tudo vai embora com
muito mais facilidade, numa saudável faxina interna.
Cuidados
na compra.
Prefira
a farinha estabilizada, que preserva o ômega–3. Devido a uma
enzima chamada lipase, ela oxida e fica rançosa. Se não quiser pagar mais caro,
você pode comprar a semente e triturar, no liquidificador, pequenas
quantidades, suficientes para um período de três dias a uma semana, no máximo,
guardando a farinha em seguida no refrigerador, de preferência em um vidro
escuro. Outra estratégia para neutralizar a lipase é tostar as sementes (elas
vão estalar) em uma panela de aço ou ferro antes de moer.
Força
para quem treina.
O ômega-3 tem
atuação anti-inflamatória que previne e cura lesões. As farinhas de linhaça e
de soja preta são as melhores opções. Os ácidos fenólicos dão força para
neutralizar o estresse oxidativo da atividade física intensa e eles estão bem
presentes nas farinhas de uva e soja preta.
Antes
de saber como o seu corpo vai responder, evite comer as farinhas muito perto da
hora do exercício. No início, podem produzir gases ou algum desconforto
gástrico.
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