FONTE: *** Do UOL, em São Paulo (boaforma.uol.com.br).
A dieta de baixa
caloria (hipocalórica) tradicional e a baseada no sistema de pontos
apresentaram resultados semelhantes na redução de peso em adolescentes obesos,
como mostra pesquisa da Faculdade de Medicina da USP. O estudo envolveu 66
jovens residentes na cidade de São Paulo, que foram avaliados pela
nutricionista Mara Della Santa Dovichi Mendes. A redução do peso foi
progressiva e significativa nas duas dietas. O número de pacientes que
concluíram o tratamento foi maior entre os adolescentes que seguiram a dieta
tradicional.
A variação de peso
medida por meio do Índice de Massa Corporal foi avaliada durante seis meses
(oito visitas) em consultas quinzenais no primeiro mês e mensais a partir do
segundo mês. A nutricionista relata que os pacientes foram divididos em dois
grupos, sendo que 31 foram submetidos a orientação de dieta hipocalórica
tradicional (Grupo A) e 35 foram orientados a seguir o sistema de pontos (Grupo
B). O estudo envolveu adolescentes de 13 anos de idade com um grau bastante
acentuado de obesidade e circunferência abdominal.
A análise dos dados
laboratoriais no início do estudo mostrou que os pacientes de ambos os grupos
apresentavam valores séricos elevados de insulina e proteína C-reativa, que é
um marcador de inflamação vascular, ou seja, de aterosclerose, além de
resistência à insulina. "A compulsão alimentar foi avaliada no início e
final do estudo, por intermédio da Escala de Compulsão Alimentar Periódica,
sendo que inicialmente a maioria dos pacientes dos dois grupos não apresentou
compulsão alimentar", aponta a nutricionista. "No entanto, 23,3%
e 13,4% dos pacientes do grupo A apresentaram compulsão alimentar moderada e
grave, respectivamente, enquanto que no grupo B a frequência foi de 18,2% e
0,0%".
O consumo alimentar
habitual dos pacientes dos dois grupos foi avaliado na primeira visita, sendo
que a média do valor energético total (VET) nos dois grupos foi de
aproximadamente 2.200 calorias. A porcentagem dos macronutrientes (proteína,
carboidrato e lipídio) apresentou-se dentro das porcentagens recomendadas pelo
índice Dietary Reference Intakes (DRI), que é a referência das recomendações de
consumo alimentar de cada nutriente. Os valores do DRI são calculados pela
Association of Medical Device Reprocessors (AMDR), entidade sediada nos Estados
Unidos.
Dietas.
Na dieta hipocalórica
tradicional, depois dos pacientes receberam orientações qualitativas
relacionadas à distribuição de macronutrientes baseadas no DRI, foi elaborado
um plano alimentar. Mendes descreve que o consumo alimentar diário destes
pacientes foi avaliado pelo registro de consumo alimentar de três dias, no qual
o paciente é orientado a preencher em um formulário padronizado, todos os
alimentos e bebidas consumidos e suas respectivas quantidades, no momento do
consumo durante três dias, sendo dois dias da semana alternados e um dia do
final de semana, anteriores à consulta.
Na dieta baseada no
sistema de pontos, após as orientações qualitativas, foi estipulado na primeira
visita um limite diário de pontos a ser consumido, sendo necessário o preenchimento
do registro de consumo alimentar diário, com quantificação calórica convertida
em pontos, ou seja, um diário alimentar. A nutricionista explica que o sistema
de pontos é uma abordagem nutricional idealizada na década de 1960 pelo
professor Alfredo Halpern, da FMUSP, cujo foco central é flexibilizar a escolha
dos alimentos, evitando a monotonia do cardápio. Mendes afirma que cada
paciente recebeu inicialmente uma tabela com pontos para cada alimento ou
bebida, sendo que cada ponto equivalia a 3,6 calorias.
A redução do IMC,
marcadores metabólicos, como indicadores de inflamação vascular e resistência a
insulina e do valor energético total, com redução de carboidratos e aumento de
proteínas, foi progressiva e significativa, e aconteceu de forma semelhante
entre os dois grupos. Também houve melhora na pressão arterial. No entanto, ao
final do estudo, a taxa de retenção, ou seja, de pacientes que concluíram o
tratamento, foi de 80,64% na dieta tradicional e 54,29% no sistema de pontos.
Para Mendes, possivelmente, a menor taxa de retenção no Grupo B se deve ao
comprometimento de anotação diária dos pontos. "Embora a pesquisa não
tenha concluído isso, apesar da escolha livre e da ausência de proibição dos
alimentos, um grupo com idade média de 13 anos pode não suportar tão bem a
obrigação de fazer o diário alimentar", ressalta.
De acordo com a
nutricionista, a redução similar nos dois grupos se deve possivelmente ao
seguimento nutricional próximo durante o estudo, quando os pacientes ou
responsáveis foram contatados por meio de telefonema ou e-mail nos intervalos
entre as visitas com periodicidade mensal, para confirmação da presença na
visita seguinte e esclarecimento de possíveis dúvidas quanto ao tratamento. A
pesquisa foi orientada pelo professor Marcio Corrêa Mancini, chefe do Grupo de
Obesidade e Síndrome Metabólica do Serviço de Endocrinologia e Metabologia do
Hospital das Clínicas da FMUSP.
*** Com Agência USP de Notícias.
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