FONTE: Agência Brasil, TRIBUNA DA BAHIA.
A partir do apoio que será dado
pela Organização Mundial da Saúde ao
projeto de desenvolvimento da produção da vacina contra a esquistossomose, que
em um primeiro momento propiciará investimentos de R$ 10 milhões, a Fundação
Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz) pretende iniciar no começo do segundo semestre
deste ano o desenvolvimento da Fase 2 do programa – que prevê a vacinação de
crianças de 9 e 10 anos, em áreas endêmicas pré-selecionadas do Brasil e da
África. A expectativa da Fiocruz é que a vacinação em larga escala possa
começar em três anos.
Na primeira fase do projeto,
foram vacinados apenas homens, todos moradores em áreas não endêmicas do Rio de
Janeiro. “Nós fizemos inicialmente testes no Rio de Janeiro, na Fase 1 do
projeto, em áreas não endêmica e em adultos normais, sadios, obedecendo o
protocolo internacional que determina que os testes de um novo produto sejam
feitos primeiro em voluntários sadios”, disse a pesquisadora da Fiocruz, Miriam
Tendler, do Laboratório de Equistossomose Experimental do instituto e líder da
pesquisa.
Segundo Miriam, agora, em um
primeiro momento, estão previstos na Fase 2 testes no Brasil e na África e os
custo dependem do número de locais onde serão feitos. “Estão orçados
preliminarmente R$ 10 milhões para as experiências nos dois países – um local
em cada. Mas não gosto de falar
em número e é um orçamento ainda muito preliminar”.
A pesquisadora informou que, uma
vez completados os testes da Fase 2, cujos resultados devem sair em cerca de
dois anos e meio, a Fiocruz estará em condições de iniciar a vacinação da
população-alvo – o que deverá ocorrer em larga escala.
“Tecnicamente falando, a gente deve estar
pronto para começar a vacinar em larga escala dentro de três anos. E só depois
de vacinar em larga escala é que poderemos fazer o fechamento dos protocolos,
definir números exatos de doses. O que tem que se fazer é garantir a segurança,
pois agora começarão a ser vacinadas crianças em áreas endêmicas – o que é uma
situação muito diferente de vacinar adultos fora de áreas endêmicas”,
esclareceu.
Para Miriam, a Fiocruz já está em condições
de produzir em grande escala. “A gente tem capacidade de produzir muito mais do
que a necessidade, do que a demanda. São 800 milhões de pessoas vivendo em
áreas de risco em todo o mundo, com cerca de 240 milhões infectados, dos quais
20 milhões no Brasil, onde os números precisam ainda ser atualizados”.
No país, as áreas endêmicas estão
centralizadas nos estados do Nordeste – Alagoas é hiperendêmico, Pernambuco e
Minas Gerais também. “Mas a doença está se expandindo e a real demanda do país
provavelmente entrará no calendário geral para que toda a população seja
vacinada. O programa está sendo desenhado neste sentido”, disse.
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