FONTE: iG Minas Gerais, TRIBUNA DA BAHIA.
A auxiliar de cozinha Lucélia
Cristina Paes, de 26 anos, está internada há três semanas numa clínica para
dependentes químicos, em Araçoiaba da Serra, região de Sorocaba (SP), para
tentar se curar de um novo vício: a internet.
Desde que começou a usar a rede virtual, há seis anos, Cristina passou a
aumentar o tempo de conexão até se tornar totalmente dependente. O vício a
levou a perder o emprego, o marido e até a saúde. Quando foi internada,
Cristina pesava 33 quilos a menos do que o peso normal.
Longe do mundo virtual, a auxiliar de cozinha começa a se recuperar e já
ganhou quatro quilos. Atendida por médicos e psicólogos, Cristina afirma que
começou a usar a internet para pesquisas e fez amigos pelo antigo Orkut, a rede
social mantida pelo Google. Tempos depois, aderiu ao Facebook, e ficava
madrugadas inteiras em bate-papos virtuais.
A auxiliar chegou ao ponto de esquecer de preparar o almoço para a
família e até de levar os filhos para a escola. Depois de várias brigas, o
marido decidiu pedir a separação e ela entrou em depressão. A doença aumentou a
dependência da internet, e Cristina afirma que passou a usar um celular para se
manter plugada o tempo todo.
Tremedeira. Uma das
consequências do uso prolongado do equipamento foi uma tremedeira nas mãos, que
ainda não conseguiu superar.
No trabalho, foi proibida de usar o telefone celular durante o
expediente. A auxiliar diz que, na hora do almoço, corria para o armário onde o
aparelho estava guardado e, em vez de comer, ficava conectada. O celular tinha
três chips diferentes, e a conta chegava a R$ 300 por mês. Com o baixo
rendimento no trabalho, perdeu o emprego. A internação aconteceu a pedido da
filha mais velha e da mãe. Cristina diz que não se dava conta de que estava
“agindo errado”.
Como drogas. Segundo a
psicóloga Ana Leda Bella, do centro terapêutico onde ela está internada, o uso
excessivo da internet faz o internauta migrar para um mundo irreal, como se
fizesse uso de drogas.
Conforme Ana Leda, com dificuldade para enfrentar as questões do dia a
dia, a paciente refugiou-se no mundo virtual, que, como no caso das drogas, se
torna uma fuga dos obstáculos do mundo real.
No processo de reabilitação, Cristina enfrenta os mesmos sintomas de um
viciado em drogas, como ansiedade, depressão, irritação e calafrios. Em três
meses, prazo previsto para o tratamento, será iniciado o processo de reinserção
no mundo real.
Flash.
Pioneira. A paciente Lucélia Cristina Paes é a primeira a recorrer à clínica
para dependentes químicos de Sorocaba por dependência da internet.
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