As empresas farmacêuticas estão
utilizando o Fitbits e outros aparelhos que operam presos ao pulso, ao peito e
à pele dos pacientes para levar medicamentos ao mercado mais rapidamente.
O que começou como uma ajuda para
monitorar os movimentos de atletas e pessoas em dieta está rapidamente se
transformando em uma ferramenta fundamental para pesquisadores médicos e
fabricantes de medicamentos. Ao equipar participantes de testes clínicos com os
chamados aparelhos de vestir, as empresas estão começando a levantar
informações precisas e a reunir dados em período integral na esperança de
dinamizar testes e entender melhor se um medicamento está funcionando. No
futuro, os aparelhos de vestir também poderão ajudar as fabricantes de produtos
farmacêuticos a provar para as empresas de seguros que seus tratamentos são
efetivos, reduzindo assim os custos com saúde.
"O uso de aparelhos de vestir
tem o potencial de ser uma revolução", disse Kara Dennis, diretora-gerente
de saúde móvel da Medidata Solutions Inc., que presta consultorias a empresas
sobre formas de melhorar testes clínicos.
Os pesquisadores farmacêuticos
consideram que essa tecnologia de monitoramento é mais precisa que a memória
humana recolhida a partir de questionários subjetivos que pedem que os
pacientes classifiquem sua habilidade para caminhar em uma escala de, digamos,
zero a quatro. Até o momento, pelo menos 299 testes clínicos estão utilizando
aparelhos de vestir, segundo registros dos Institutos Nacionais de Saúde dos
EUA.
Dor nas costas.
Em um estudo, a GlaxoSmithKline Plc
-- em trabalho com a McLaren Applied Technologies, que faz parte da empresa que
fabrica carros esportivos -- acompanhará os movimentos de 25 pacientes com
doença de Lou Gherig, uma condição neurodegenerativa muscular também conhecida
pela sigla ELA. Os participantes serão equipados com um pequeno monitor
retangular leve que se adere ao peito, disse Paul Rees, líder de
desenvolvimento de medicamentos da Glaxo. O aparelho, produzido pela empresa de
tecnologia médica finlandesa Mega Electronics Ltd., mede a frequência cardíaca,
assim como os passos e o aumento na elevação, disse Rees.
Os dados biométricos são armazenados
no aparelho e baixados automaticamente por meio de uma conexão Bluetooth quando
um paciente se aproxima de um roteador sem fio que tem o tamanho aproximado de
um telefone celular. O distribuidor, então, envia as informações a um servidor
seguro que a Glaxo é capaz de acessar e elas podem ser usadas para pesquisas
dos muito necessários tratamentos da doença.
Enquanto isso, o Departamento de Assuntos
de Veteranos está se preparando para realizar um teste clínico em fevereiro
próximo para monitorar os que sentem dor nas costas. Quem sente esse tipo de
dor tende a não ser muito ativo porque os movimentos agravam essa condição, por
isso o departamento planeja monitorar os passos dessas pessoas -- possivelmente
por meio de um Fitbit, o aparelho ainda não foi definido. Eles vão inserir os
dados, juntamente com outras informações, como avaliação da dor dos pacientes,
em um algoritmo para determinar se eles precisam de mais ou menos tratamento,
disse John Piette, cientista sênior de pesquisa de carreira no Centro Ann Arbor
para Pesquisas de Gestão Clínica do departamento, em Michigan, e um dos
pesquisadores principais.
Com o aumento do interesse, as empresas
de tecnologia estão procurando formas de tornar os aparelhos de vestir cada vez
menos intrusivos. A MC10 Inc., empresa de biotecnologia com sede em Lexington,
Massachusetts, EUA, desenvolveu um aparelho do tipo, chamado de
"biostamp" ("bioselo", em tradução livre), um adesivo com
circuitos e sensores flexíveis. O cofundador Ben Schlatka o descreve como um
"band-aid inteligente e leve" que pode ser colado em qualquer parte
do corpo. A MC10 se associou a uma série de empresas farmacêuticas, mas seu
aparelho não está em uso em nenhum teste clínico, disse Schlatka.
A MC10 se associou à fabricante de
medicamentos belga UCB para trabalhar com desordens neurológicas severas.
Schlatka preferiu não identificar outras empresas.
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