FONTE: Cintia Baio, Colaboração para o UOL, (noticias.uol.com.br).
Para muitas pessoas,
a regra é clara: se um alimento que caiu no chão for resgatado em menos de
cinco segundos (ou três, ou seis), ele pode ser consumido normalmente porque
não fará mal à saúde. Resumindo, seria o famoso dito popular "o que não
mata, engorda". Mas essa regra é válida?
Ao longo dos anos,
muitas pesquisas tentaram comprovar a teoria, e o que a maioria delas concluiu
é que a quantidade de bactérias transferidas para o alimento que entrou em contato
com qualquer superfície não depende apenas do tempo em que aquele alimento foi
exposto, mas principalmente do montante de microorganismos que estão nessa
superfície.
Por exemplo, um pão
que ficou por cinco segundo no chão da sua cozinha tem bem menos chance
(esperamos!) de ser contaminado do que se ele cair em uma calçada de uma rua
movimentada da cidade.
Além disso, o tipo de
superfície também pode influenciar na contaminação.
Segundo os resultados
de um estudo publicado pela Universidade de Aston, na Inglaterra, a chance de
contaminação em alimentos que caíram em locais com carpetes, por exemplo, é bem
menor do que se caíssem em piso laminado ou em azulejos. A pesquisa também
mostrou que alimentos mais úmidos, como presunto ou manteiga, têm mais chances
de serem contaminados na queda do que alimentos secos, como bolachas e
salgadinhos.
Para chegar a esta
conclusão, a equipe da pesquisa acompanhou a transferência de bactérias comuns,
como a E.coli e a Staphylococcus aureus, em uma variedade de alimentos, como
torradas, macarrão, biscoito e doces, que foram derrubados em vários pisos e lá
ficaram entre 3 a 30 segundos.
Uma outra pesquisa
semelhante feita em 2007 pela Universidade de Clemson, na Carolina do Sul
(EUA), já apontava que o tipo de superfície é um dos fatores determinantes para
a contaminação ou não. Segundo o estudo, menos de 1% das bactérias que estavam
no carpete foram transferidas para o alimento. Mas quando a comida teve contato
com um piso laminado ou em uma madeira, foram transferidas entre 48% e 70% das
bactérias.
Então significa que
podemos comer, certo?
A resposta é não.
Embora as pesquisas nos deem uma certa vantagem se levarmos em conta tempo,
tipo de superfície e alimento, do ponto de vista de segurança alimentar, os
médicos não recomendam a ingestão desses alimentos.
"Quanto menos
tempo no chão, menos chance a comida tem de ser contaminada. Mas não podemos
garantir que a pessoa não terá uma infecção intestinal, por exemplo", diz
o médico infectologista César Barros, do Instituto de Infectologia Emílio
Ribas, em São Paulo.
O risco da infecção
depende também do tipo de bactérias que está presente no chão no momento da
queda. Para Barros, os vírus mais comuns responsáveis por infecções alimentares
são o rotavírus e o norovírus. Entre as bactérias, estão a Salmonella,
Shigella, Campylobacter.
Para Tatiana Tribess,
coordenadora do curso de técnico de alimentos do Senai-Barra Funda, ingerir os
alimentos não traz um risco iminente. "O risco está na possibilidade de
eles se multiplicarem e se desenvolveram. Vale lembrar que colocar a mão no
chão e depois na boca pode ter tantos microorganismos quanto um alimento que caiu
no chão".
E de onde surgiu a regra?
Não existe um
consenso sobre a origem da história dos cinco segundos. Um dos primeiros
estudos sobre o tema, publicado em 2003 por um estudante do ensino médio que
fez os experimentos na Faculdade de Illinois (EUA), diz que a regra remonta da
época de Genghis Khan.
A única diferença é
que para o imperador mongol a comida poderia ficar no chão por até 12 horas.
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