A couve-de-bruxelas pertence à família das brássicas.
Esta família engloba mais de 4 mil espécies distintas a qual também pertence o
brócolis, couve-flor, repolho, couve, nabo, mostarda, agrião e rabanete. A
couve-de-bruxelas consiste num vegetal de composição nutricional particular,
apresentando compostos bioativos que se destacam quanto à proteção das células
contra algumas doenças, como o câncer.
Trata-se de um alimento rico nas vitaminas K e C, ácido
fólico, além de ser uma boa fonte de outros nutrientes, incluindo o manganês,
vitamina B6, colina, cobre, fósforo e fibras alimentares.
Apresenta em menor proporção ômega-3, na forma de ácido
alfa-linonênico. Além de carotenóides, substância que o organismo pode converter
em vitamina A, que protege os olhos contra a catarata e degeneração macular. A
clorofila, responsável pela pigmentação verde das folhas da couve-de-bruxelas,
consiste num adjuvante frente à toxicidade das aflatoxinas, compostos
produzidos por fungos.
A vitamina K regula o processo de calcificação dos
tecidos, atuando junto a outros nutrientes como o cálcio para manter a boa
saúde óssea, enquanto a Vitamina C atua como potente antioxidante e garante um
sistema imunológico saudável e processo de cicatrização de tecidos. O ácido
fólico (ou vitamina B9) é necessário para a formação dos glóbulos vermelhos e
sua deficiência pode causar alguns tipos de anemia e, na saúde feminina, é
essencial na gestação para a formação e desenvolvimento do feto.
Além destes nutrientes, a couve de Bruxelas contém
numerosos compostos positivos à saúde, dando-se destaque, como alvo de
pesquisas, substâncias denominadas glicosinolatos e subprodutos da sua quebra
como o isotiocianato. No campo de pesquisa focada nos benefícios das crucíferas,
quase a metade dos estudos envolvendo este vegetal versam sobre o potencial
efeito em relação ao câncer. Estudos mostraram que o sulforafano, um
isotiocianato, que em parte confere as características de sabor e aroma
peculiares às brássicas e são potentes agentes anticancerígenos.
O sulforafano está relacionado à redução do risco de
certos tipos de câncer, como câncer de mama e fígado em estudos com animais e,
com pesquisas in vitro pode influenciar em estágios do desenvolvimento do
câncer. Esses efeitos são atribuídos, em parte, pelo fato dos isotiocianatos
inibirem e suprimirem a geração de espécies reativas de oxigênio que provocam
danos às células. Exercendo uma ação antioxidante, a cascata de resposta ao
dano oxidativo pode ser inibida bem como a proliferação das células
cancerígenas. Isso se torna especialmente importante, considerando que o
estresse oxidativo e danos cumulativos em tecidos é um fator de risco para o
desenvolvimento da maioria dos tipos câncer.
Há evidências de que o sulforafano, assim como outros
isotiocianatos, como indol-3-carbinol possam operar na resposta inflamatória e
proteger o organismo atuando no processo de detoxificação hepático, pela
modulação de enzimas de desintoxicação de fase I, dependentes de citocromo
P450, quanto de fase II.
A vitamina K pode apresentar um efeito adicional
anti-inflamatório, pois atua diretamente na regulação das respostas
inflamatórias, o que pode ser interessante para evitar o estado de inflamação.
Surpreendentemente, embora abaixo de algumas reconhecidas
fonte como a linhaça, a couve-de-bruxelas apresenta ácidos graxos ômega-3, na
forma de ácido alfa-linonênico, presente em vegetais. O ômega-3 figura como uma
das substâncias mais bem estabelecidas com ação anti-inflamatória.
A natureza dos isotiocianatos e demais componentes
anti-inflamatórios presentes na couve-de-bruxelas, apresenta potencial campo de
pesquisa no que tange a condições associadas ao estado de inflamação crônica,
como a obesidade e síndrome metabólica, bem como doenças inflamatórias
intestinais.
As fibras alimentares presentes na couve-de-bruxelas
podem ser adjuvantes para a saúde cardiovascular. Isso ocorre considerando que
o consumo de fibras pode auxiliar no controle do colesterol, especificamente o LDL-colesterol,
através da ligação e posterior excreção dos ácidos biliares produzidos no
fígado que em última instância exige mobilização e redução do colesterol no
organismo.
Quantidade diária recomendada de couve-de-bruxelas.
Como orientação geral para adultos, recomenda-se incluir
uma porção de aproximadamente 1 xícara (chá) de vegetais crucíferos no mínimo 2
a 3 vezes por semana. Para os indivíduos que já almejam esta quantidade, a
frequência e a porção podem ser aumentadas e, a couve-de- bruxelas pode ser
inclusa variando com os demais vegetais do grupo, brócolis, couve-flor,
couve-manteiga e repolho, por exemplo, para 4 a 5 vezes na semana, com tamanho
da porção de até 2 xícaras (chá).
Ressalta-se que a necessidade diária de ingestão deve ser
avaliada individualmente por um profissional da saúde uma vez que variam
dependendo da idade, gênero, nível de atividade física e outros fatores.
Problemas do consumo em excesso de couve-de-bruxelas.
Por ser fonte de vitamina K, é importante que indivíduos
sob uso de medicamentos que podem interagir com esta vitamina atentem ao
consumo da couve-de-bruxelas. Um destes medicamentos consiste na varfarina, que
inibe certos fatores de coagulação dependentes de vitamina K. Para evitar
influência sobre os mecanismos de coagulação do sangue estes pacientes devem
controlar a ingestão de alimentos que contenham vitamina K.
Apesar de não muito bem elucidado o potencial efeito de
interferência, alguns estudos sugerem que a presença de glucosinolatos, os
mesmos componentes que provêm uma série de benefícios ao organismo, podem
interferir na função tireoidiana, atuando como agente goitrogênico pela
presença das substâncias tiocianato e goitrina que podem alterar a capacidade
da tireóide em absorver o iodo e de sintetizar seus hormônios. Essa preocupação
pode ser importante especialmente para indivíduos que consomem não somente a
couve de Bruxelas, porém outros alimentos goitrogênicos em grande quantidade
nas refeições diariamente e a longo prazo. Para evitar este efeito adverso,
alguns pesquisadores indicam o consumo da couve-de-bruxelas cozida em virtude
do fato de uma enzima, chamada mirosinase, ter sua atividade interrompida pela
exposição ao calor. A enzima mirosinase é que converte o glucosinolato em seus
subprodutos e, dessa forma, os agentes goitrogênicos não estariam presentes. A
recomendação geral para indivíduos saudáveis, no entanto, é não excluir a
couve-de-bruxelas do cardápio frente a seus inúmeros benefícios bem
estabelecidos.
Como consumir a couve-de-bruxelas.
Na hora da compra, é importante selecionar as
couves-de-bruxelas que apresentem textura firme e compacta, bem como folhas de
coloração verde vívida. Após a compra, devem ser mantidas sob refrigeração.
Versátil, a couve-de-bruxelas pode ser servida para
complementar uma salada atrativa ou mesmo figurar como acompanhamento. Para o
preparo das couves-de-bruxelas, orienta-se que sejam bem lavadas em água
corrente para remover resíduos que possam estar presentes nas folhas internas.
Para cozinhá-la de forma mais uniforme e rápida, recomenda-se cortá-las em
pedaços menores e, com o objetivo de melhor preservar as propriedades
nutricionais, orienta-se a cocção a vapor de forma a manter a textura crocante.
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