FONTE:
, CORREIO DA BAHIA.
Em fevereiro deste ano, um estudante de 23
anos morreu após participar de uma competição para ver quem bebia mais.

Foi o que constatou uma pesquisa da Universidade Federal
de São Paulo (Unifesp), que avaliou 1.222 pessoas de 18 a 24 anos em três
momentos: antes da balada, após sair do local e um dia depois da festa.
Para fazer o levantamento, os pesquisadores visitaram 31
casas noturnas de São Paulo e, além de fazer perguntas, utilizaram um bafômetro
para fazer a medição da quantidade de álcool na corrente sanguínea dos
entrevistados.
“Pegamos a dosagem alcoólica e cruzamos o que foi feito
na saída da balada. Uma pessoa que faz o binge, que toma cinco doses ou mais de
bebida, fica intoxicada. Assim, a tomada de decisão fica prejudicada, ela não
sabe quais coisas são arriscadas ou não. A pessoa que bebe e não faz o binge
tem menos comportamentos de risco”, explica Zila Sanchez, professora do
Departamento de Medicina Preventiva da Unifesp.
Os resultados foram divididos por sexo, pois, segundo a
pesquisadora, homens e mulheres têm comportamentos diferentes quando estão
alcoolizados.
Entre os homens, 27,9% dos que praticaram o binge
drinking beberam e dirigiram. O número foi de 20,4% entre as mulheres. O
uso de drogas ilícitas foi de 15,8% para os homens e 9,4% para as mulheres. O
comportamento sexual de risco também foi expressivo: 11,4% entre os
entrevistados do sexo masculino e 6,8%, do feminino.
“O que mais nos chamou atenção entre as coisas mais
prevalentes é o blackout. Sabemos que é farmacologicamente possível ter bebido
e, pela ação do álcool, a memória apagar, mas 20% das pessoas que saíram
embriagadas das baladas não se lembram do que fizeram. Os jovens não se dão
conta de quão grave é perder a memória.”
Os dados foram coletados no segundo semestre de 2013 e
analisados ao longo de 2014. Em agosto deste ano, o estudo foi publicado na
revista científica Plos One. Open bar O comportamento de beber em grande
quantidade em pouco tempo foi notado em 29,6% dos homens e em 22,1% das
mulheres.
Zila diz que as festas no modelo open bar, quando as
pessoas não têm limites para a quantidade de bebida ingerida, acabam
incentivando a prática. “O que causa mais dano social é o álcool, que é visto
como uma substância normal, mas é o que causa os maiores problemas e mortes. Em
países desenvolvidos, há controle de venda de bebida para quem está embriagado.
Aqui, trabalhamos com álcool como se fosse refrigerante.”
Em fevereiro deste ano, um estudante de 23 anos da
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp de Bauru), no
interior paulista, morreu após participar de uma competição para ver quem
bebia mais. A disputa ocorreu em uma
festa open bar em uma chácara e outras seis pessoas passaram mal no evento.
Cuidados.
A psicóloga clínica Triana Portal diz que a bebida faz com que as pessoas fiquem mais propensas aos comportamentos de risco e que controlar os excessos, muitas vezes, acaba sendo mais difícil entre os jovens.
A psicóloga clínica Triana Portal diz que a bebida faz com que as pessoas fiquem mais propensas aos comportamentos de risco e que controlar os excessos, muitas vezes, acaba sendo mais difícil entre os jovens.
“O jovem tem a questão da afirmação da personalidade que
está associada à questão grupal. Ele quer fazer parte do grupo. Além disso,
quer testar os próprios limites, ver quem bebe mais.” Triana recomenda a
educação como forma de evitar situações perigosas por causa do consumo de
bebidas alcoólicas.
“Os jovens precisam se informar sobre os efeitos do
álcool, sobre os riscos de acidentes e de contrair uma doença. E os pais não
podem se descuidar. Não no sentido de castigar, mas de observar e de puxar para
uma conversa ao notar que os filhos estão chegando bêbados em casa.”
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