No mundo contemporâneo é muito comum jovens de até 30
anos terem crises de ansiedade e estresse. A sociedade atual, gerida pela
economia de mercado onde o que importa é o lucro, faz com que para tal os
jovens tenham que bater índices de produtividade cada vez mais elevados, além
de se manterem atualizados num mundo de constantes transformações devido não só
à globalização, mas ao crescente "boom" de informações.
Tais cobranças incidem sobre todas as idades, mas com
mais intensidade sobre os jovens por terem mais energia e justamente por serem
mais ingênuos em sua administração. Não é incomum vermos jovens cumprindo uma
jornada de trabalho de mais de dez horas, e ainda se preocupando e se
aprimorando em especializações, MBAs etc. Não percebem que reservam, quando
raro, apenas quatro ou cinco horas para sono!
Os sintomas.
Sintomas como falta de ar,
nervoso, confusão mental,
aceleração do batimento cardíaco - entre outros - sem uma causa física
podem, sem dúvida caracterizar uma crise de estresse ou ansiedade.
Sem dúvida, estes são alguns dos sintomas que levam os portadores primeiramente
ao pronto atendimento, pois estão convencidos de estarem apresentando um mal
orgânico - provavelmente de origem cardiológica. E tal preocupação é
verdadeira, pois o número de jovens estressados portadores de isquemias
cardíacas (infarto) devido ao estado de tensão, que leva à
uma contratura de toda a musculatura, inclusive a do coração, pode
produzir independente de lesão nas artérias, um infarto.
Diferenças entre crise de estresse e ansiedade.
A crise de estresse é cumulativa, ou seja, vai se
acumulando com o tempo. O termo estresse vem da física, e significa submeter
determinado material ao seu ponto máximo de esforço. É isso o que ocorre com o
cérebro de diversos jovens. Eles trabalham numa velocidade de processamento de
informações muito superiores ao que foram "formatados" pela natureza.
Não existem "memórias auxiliares", e tampouco aceleradores de
velocidade. O cérebro encontra um limite e a partir dele começa a trabalhar em
regime de estresse (entenda-se fadiga). O
resultado é parecido com o de um computador: o cérebro fica lento,
cansado, diminuindo a sua capacidade de "processamento" de informações.
Ansiedade está relacionada com expectativa, com espera. A
sociedade atual igualmente nos leva a inúmeras expectativas para as quais ela
mesma não tem resposta. Um exemplo é que as dez profissões mais importantes dos
próximos anos ainda não têm cursos para formar os profissionais para
atendê-las. Outra explicação advém da compreensão sobre os dinamismos da
ansiedade e angustia nos dias atuais. A angústia está relacionada com escolhas
antagônicas, ou seja, com crises de escolhas. Cada vez mais nos deparamos com
uma distância maior entre o que somos e o que realmente gostaríamos de ser, o
que temos e o que gostaríamos de ter, resumidamente: o juízo de valor e o juízo
de realidade que se mostram cada vez mais distantes.
Como prevenir as crises.
Acredito que quem descobrir a resposta definitiva ganhará
o prêmio Nobel. Um grande pensador e filósofo alemão, Heidegger nos deu um
caminho: ele nos ensinou que a cada dia, imperceptivelmente, nos afastamos de
nós mesmos. Somos lentamente influenciados por "coisas" que não são
nossas, "verdades" que nos são colocadas por outros e que por elas
nos deixamos guiar. Quando nos apercebemos e olhamos no espelho não nos
reconhecemos mais! O segredo portanto, é nos buscarmos a cada dia, nos
procurando sempre, validando a cada instante a "nossa" verdade. Não
de maneira neurótica, mas num movimento de autoconhecimento construtivo.
A crise é um momento sério, pois pode ter consequências
físicas e psíquicas. Então, a primeira providencia frente a uma crise é
procurar um serviço especializado. Descartadas as possibilidades ou
consequências orgânicas, deve-se buscar um especialista em ansiedade e
estresse, como os psiquiatras e psicólogos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário