FONTE: Paula Moura, Colaboração para o UOL (noticias.uol.com.br).
Quando se pensa em
ultrassom, logo vêm à cabeça os exames de imagem, como aqueles para saber se
está tudo bem com um bebê. Mas um grupo cientistas do Instituto de Tecnologia
de Massachusetts (MIT), da Universidade de Harvard e da Universidade de Israel
criou um outro uso para essas ondas: um dispositivo capaz de aumentar a
absorção de medicamentos em tecidos inflamados, principalmente no intestino. O
estudo foi publicado na quarta-feira (21) na revista Science Translational
Medicine.
O resultado da pesquisa
pode ser visto como positivo para pacientes com doenças como Crohn e retocolite
ulcerativa, ambas crônicas, autoimunes e de difícil tratamento. A medicação
para doenças inflamatórias do intestino geralmente é eficiente, mas sua
absorção é pequena ou muito lenta, uma vez que os tecidos internos,
prejudicados, têm dificuldade de absorver o medicamento. Muitos pacientes usam
a medicação pelo reto, que além de incômoda, exige que os pacientes acordem
várias vezes à noite.
A pesquisa liderada
por Carl Schoellhammer foi realizada com porcos e roedores e mostrou que a
eficácia do ultrassom em chegar aos tecidos doentes foi dez vezes maior em
comparação com a medicação normal.
No futuro, com o
aperfeiçoamento do dispositivo de ultrassom de baixa frequência, os cientistas
acreditam que ele também poderá transportar vacinas, anticorpos e até
quimioterapia.
Como
funciona?
Atualmente, é difícil
fazer com que moléculas complexas cheguem ao trato gastroinstestinal por causa
de barreiras fisiológicas e estruturais do tecido, que se organiza em camadas.
Além disso, no caso das doenças acima, o intestino fica muito debilitado e a
absorção do medicamento é um fator complicador adicional. A frequência do
dispositivo de ultrassom cria bolhas e ajuda na absorção do medicamento sem
causar danos ao intestino. O tempo de absorção do remédio caiu para apenas um
minuto.
Camundongos com
colite aguda tratados diariamente com ultrassom se recuperaram muito mais
rapidamente do que os animais tratados apenas da maneira tradicional.
Ao aumentar a
quantidade de medicação que chega ao cólon, o ultrassom poderá reduzir a
quantidade de doses dos pacientes de "uma por dia" para "dias
alternados". Os pesquisadores pretendem desenvolver uma sonda de ultrassom
em miniatura para os pacientes e até mesmo cápsulas ingeríveis que emitam
ultrassom para tratar doenças inflamatórias do intestino em geral.
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