FONTE: Elioenai Paes, TRIBUNA DA BAHIA.
Envelhecimento da coluna pode pouco a pouco passar
a restringir movimentos, como aquele necessário até para uma pequena caminhada.
“Essa é
uma informação muito importante, porque é bastante comum e pouca gente
conhece”, alerta o neurocirurgião do Hospital das Clínicas de São Paulo,
Vinicius Monteiro de Paula Guirado, sobre a estenose do canal medular ou
estreitamento de medula que atinge idosos e pode causar perda de movimentos nas
pernas e braços.
Aqueles
acima de 60 anos começam a se queixar de um peso nas pernas ao caminhar. Antes,
caminhavam até alguns quilômetros, agora só conseguem transpor 500 metros sem
pausa para descansar os membros inferiores. Depois de um tempo, a queixa
acontece em 300 metros.
Depois
de mais um tempo, não conseguem caminhar 100 metros sem que antes tenham de
fazer uma pausa “para recuperar as forças das pernas”. Ao tentar abotoar a
camisa, surge uma dificuldade. O copo começa a escorregar das mãos com mais
facilidade.
Em vez
de aceitar esse sinal como um processo natural do envelhecimento, o idoso deve
procurar um médico já que isso pode ser um sinal de estenose do canal medular,
mais conhecido como compressão da medula espinhal, uma das maiores causas de
indicação de cirurgia em pessoas da terceira idade – e de perda de movimentos.
A medula está localizada na coluna.
Mais
frequente na população idosa, esse estreitamento do canal medular acontece por
causa do envelhecimento da coluna, principalmente em decorrência da artrose.
O
canal, na juventude e idade adulta, é protegido pelas vértebras da coluna.
Quando a coluna começa envelhecer, há um deslocamento das vértebras,
comprimindo a medula e impedindo que sinais nervosos passem ali.
O
resultado é uma lenta restrição de movimentos em que o idoso passa a notar que
precisa de um esforço extra para as mesmas atividades, como andar ou mexer os
braços.
O
professor de reumatologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Jamil
Natour, explica que há algumas pessoas que nascem com esse canal medular já
estreito, mas não tem maiores problemas durante a vida. Quando, no entanto,
esse estreitamento é adquirido – por causa da artrose ou outros problemas, pode
acontecer problemas.
“Muitas
vezes esse estreitamento tem a ver com postura, atividade que fez durante a
vida ou trauma. Na verdade, a maior parte das pessoas que chegam à fase idosa
tem artrose na coluna”, explica. “Algumas tem sintomas, mas muita gente tem
artrose e não sente nada”.
Fraqueza nos membros inferiores é o primeiro sinal.
O
ortopedista do Hospital Bandeirantes, Maurício de Moraes, explica que esse
estreitamento na medula pode acontecer na região lombar ou cervical. Quando
acontece na lombar, a fraqueza acomete apenas os membros inferiores. Quando é
na região cervical, a fraqueza também pode atingir os braços.
“É uma
doença degenerativa que aparece mais em pessoas cima dos 60 anos. Cerca de 20 a
30% dessas pessoas precisarão de cirurgia, quando os casos são graves”,
explica. Essa cirurgia pode ser a convencional ou a minimamente invasiva,
dependendo do caso.
Para
casos menos graves é possível fazer essa descompressão por meio de exercícios
de fisioterapia.
Tratamento.
“Normalmente
administramos analgésicos para indivíduos que tem mais dor, usamos
antiinflamatórios com cautela, pois são idosos, e também é possível fazer
infiltrações de corticoide na coluna, mas o mais importante é a reabilitação”,
diz Natour.
Segundo
ele, normalmente a pessoa participa de um programa de reabilitação por meio de
exercícios físicos. “Fisioterapia e eventualmente até atividade física que
tenha a ver com correção postural e melhora muscular do tronco”, detalha.
Segundo
o neurocirurgião Coordenador da Comissão de Títulos de Especialista e membro da
Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), Jefferson Walter Daniel,
atividades físicas, de acordo com a capacidade clínica de cada indivíduo,
sempre são indicadas.
"A
fisioterapia, a reeducação postural global, Pilates, entre outros, fortalecem a
musculatura. A acupuntura ameniza os sintomas da dor quando as atividades
físicas mencionadas não são possíveis", recomenda.
Como prevenir.
O
neurocirurgião do Hospital das Clínicas de São Paulo explica que uma vida
saudável, sem dúvida, ajuda na prevenção do estreitamento do canal medular.
“Isso
implica em qualquer aspecto da vida.A dieta e o comportamento minimizam ou
atrasam o envelhecimento do corpo e, consequentemente, da coluna. Isso é algo
já bem conhecido”, diz ele.
“Quanto
mais você cuidar do seu corpo, menos você terá problemas. Manter atividade
física é absolutamente fundamental para ter uma boa saúde”, recomenda Guirado.
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