FONTE:, James Gallagher, Editor de Saúde da BBC News, (noticias.uol.com.br).
Médicos disseram estar "extremamente preocupados" com
a disseminação de uma supergonorreia na Inglaterra.
Por causa de uma nova bactéria, um alerta nacional foi emitido
no ano passado quando foram registrados casos em Leeds, no condado de
Yorkshire, na região central do país. Um dos principais tratamentos contra a
doença mostrou-se ineficaz contra esta variedade.
A agência governamental Public Health England reconheceu que
medidas tomadas para conter a epidemia tiveram "sucesso limitado".
Até o momento, foram confirmados por meio de testes de
laboratório 34 casos de supergonorreia, mas acredita-se que esta seja apenas a
ponta do iceberg, já que um portador da infecção pode não apresentar sintomas.
Médicos temem que em breve seja impossível tratar a doença, que
é transmitida sexualmente e pode levar à infertilidade.
Resistência.
O surto começou em casais heterossexuais, mas agora é detectado
também em homens gays. "Estávamos preocupados que ela poderia se espalhar
entre homens que fazem sexo com outros homens", diz o consultor médico
especializado em saúde sexual Peter Greenhouse.
"O problema é que (eles) tendem a disseminar infecções mais
rapidamente, já que trocam de parceiros com maior frequência."
Esses grupo também têm maior probabilidade de casos de gonorreia
na garganta, onde é maior a chance do organismo desenvolver resistência a
antibióticos já que estes medicamentos são administrados em menor dosagem para
infecções nesta área do corpo, que também está repleta de outras bactérias que
podem ser resistentes a drogas.
A gonorreia é causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae,
transmitida por sexo vaginal, oral e anal sem proteção e muito adaptável e
resistente a antibióticos.
Por isso, duas drogas - azitromicina e ceftriaxona - são usadas
conjuntamente. Mas, agora, a resistência à azitromicina está se espalhando, e
médicos receiam ser uma questão de tempo até que o mesmo ocorra com a
ceftriaxona.
Acredita-se que, entre os infectados, cerca de um a cada dez
homens heterossexuais e mais de três quartos das mulheres e de homens gays não
apresentam sintomas, que podem incluir uma secreção esverdeada ou amarela nos
órgãos sexuais, dores ao urinar e sangramento.
Se não for tratada, a infecção pode levar a infertilidade e a
inflamação pélvica crônica, e ser transmitida para um bebê durante a gravidez.
Sexo seguro.
Médicos britânicos de renome alertam que há um risco real da
gonorreia tornar-se intratável. "Não podemos nos dar ao luxo de sermos
complacentes", diz Gwenda Hughes, chefe para infecções sexualmente
transmissíveis da Public Health England.
"Se surgirem variedades de gonorreia resistentes tanto à
azitromicina quanto à ceftriaxona, as opções de tratamento serão limitadas já
que não existe nenhum antibiótico disponível para tratar esse tipo de
infecção."
Ele pede que a população pratique sexo seguro para minimizar o
risco de contágio.
Também há uma campanha em curso para incentivar pessoas
infectadas que alertem seus parceiros sexuais - após testes indicarem que 94%
de parceiros estavam infectados.
No entanto, a agência diz que os resultados desta campanha foram
"limitados".
A Associação Britânica de Saúde Sexual e HIV disse ser
necessária uma reação rápida à infecção.
Sua presidente, Elizabeth Carlin, afirmou que a
"disseminação da gonorreia altamente resistente à azitromicina é motivo de
enorme preocupação e que é essencial tomar toda medida possível para impedir
que se espalhe ainda mais."
"Falhar ao responder de forma adequada a isso ameaça nossa
habilidade de tratar a gonorreia de forma eficaz e leva a uma deterioração da
saúde de indivíduos e da sociedade como um todo."
Porém, o consultor Peter Greenhouse diz que os serviços públicos
de saúde sexual estão passando por seu "momento de maiores
restrições" devido a um corte de recursos e que o surgimento da
superbactéria se dá em meio às "condições de uma tempestade
perfeita".
Ao mesmo tempo, o governo britânico anunciou uma nova ferramenta
para ajudar que clínicos gerais reduzam o número de antibióticos prescritos, ao
comparar seus hábitos com os de outros especialistas.
"Quero que antibióticos sejam prescritos somente quando
forem necessários", disse o secretário de Saúde, Jeremy Hunt.
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