FONTE: Juliana Nakamura, Colaboração para o UOL, em São Paulo, (estilo.uol.com.br).
Os adolescentes conhecem a importância de métodos
contraceptivos para evitar uma gravidez indesejada e doenças sexualmente
transmissíveis, mas, ainda assim, nem sempre utilizam esses recursos em suas
relações. Em São Paulo, um estudo recentemente conduzido pelo Programa Estadual
de Saúde do Adolescente mostrou que seis em cada dez jovens não utilizavam
qualquer proteção durante o sexo.
O comportamento de risco adotado pelos jovens não
é recente. Em 2013, um levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística) constatou que 24,7% dos adolescentes dispensaram preservativo na
última relação, mesmo cientes do risco de contrair HIV e outras DSTs.
Como os pais têm um papel essencial na orientação
dos filhos, especialistas dão dicas de como sensibilizar os jovens quanto ao
sexo seguro.
Consultoria: Andrea Hercowitz, hebiatra do
Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo; Ana Maria de Barros Aguirre,
psicóloga e professora do Departamento de Psicologia Clínica da USP
(Universidade de São Paulo); Benito Lourenço, hebiatra, membro do Departamento
de Adolescência da Sociedade de Pediatria de São Paulo e chefe da Unidade de
Adolescentes do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da USP.
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01
Procure entender como seu filho pensa.
O adolescente
tende a ser imediatista. Isso significa que provavelmente ele não irá recusar
sexo só porque não tem camisinha à mão. Há ainda a imaturidade neurológica. O
cérebro amadurece totalmente em torno dos 25 anos, e a última região a se
tornar madura é o córtex pré-frontal, responsável pela tomada de decisões, pelo
controle de impulsos e planejamento. Por causa da imaturidade emocional, quanto
mais precoce é o início da vida sexual, maior será a dificuldade para o jovem
assumir uma postura preventiva. Para lidar com essa característica, os pais
devem ter paciência e não desistir. Não tenha medo de ser repetitivo e, se
achar necessário, ofereça preservativo.
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02
Cuidado com o que ouve por aí.
Os adolescentes
são diariamente bombardeados com informações, nem sempre de qualidade. Por
isso, os pais devem ressaltar a importância de senso crítico com o que se vê na
internet e com os relatos de colegas. Há muita desinformação circulando como
"só se contrai DST se houver penetração" ou "nenhuma garota
engravida na primeira transa". Oriente seu filho de que as pessoas mais
aptas a falar sobre sexo seguro são médicos, professores e familiares próximos.
·
03
Papo aberto.
Alguns pais
limitam a abordagem do assunto "sexo seguro" a colocar camisinhas na
gaveta do filho. Essa atitude pode até ter seu valor, mas muito mais válido é
investir em uma conversa olho no olho. Se o adolescente perguntar alguma coisa,
seja franco em suas respostas, mesmo que sejam "não sei" ou "não
me sinto confortável para falar sobre isso, vou levá-lo a alguém que possa
fazer isso melhor do que eu". Se for o caso, leve-o para conversar com um
pediatra ou hebiatra. O médico deve mostrar-se acessível para uma conversa
franca e esclarecedora.
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04
Dê chance ao diálogo.
Pais e filhos precisam
ter oportunidades para conversar. Famílias que fazem pelo menos uma refeição
diária juntos têm menor incidência de situações de risco com seus filhos
adolescentes, pelo simples fato da oportunidade do diálogo. Uma dica para
estimular a conversa é ler livros/revistas ou assistir a filmes/reportagens
juntos.
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05
Olhe o (mau) exemplo dos outros .
A prepotência é
uma marca da adolescência. Os jovens acham que nunca nada vai acontecer com
eles, mesmo sabendo dos riscos. Por isso, mostre ao seu filho casos próximos
que "deram errado". A ideia é que ele veja que o risco de uma
gravidez não planejada ou de contrair uma doença sexualmente transmissível é
real, e não apenas "papo de adulto careta".
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06
Seja claro e objetivo.
Crianças na faixa
dos 11 anos aprendem na escola sobre o corpo humano e o aparelho reprodutor.
Nessa época é também comum que façam perguntas sobre reprodução. Essa é uma boa
hora para iniciar uma conversa, sempre com uma linguagem adequada para a idade.
Os pais devem responder as dúvidas com objetividade, evitando dar mais
informações do que foi questionado.

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