Na quarta-feira, o Brasil testou,
de forma pioneira, uma técnica minimamente invasiva no tratamento do câncer de
colo de útero.
Na
quarta-feira, o Brasil testou, de forma pioneira, uma técnica minimamente
invasiva no tratamento do câncer de colo de útero. Pela primeira vez nas
Américas, a cirurgia de remoção do tumor e dos órgãos afetados pela doença foi
feita com o auxílio de um robô por meio de uma única incisão no abdome da
paciente.
Batizada
de single-port ou single-site (entrada única), a cirurgia permite que o
cirurgião faça todo o procedimento inserindo uma câmera e duas pinças do robô
em uma incisão de apenas 2,5 centímetros feita no umbigo da paciente.
Tradicionalmente, a cirurgia robótica exige pelo menos cinco incisões na
barriga da paciente, uma para a inserção de cada instrumento.
"A
cirurgia robótica, por si só, já tem mais benefícios do que a videolaparoscopia
porque nos dá mais precisão no procedimento. O grande diferencial do robô é a
visão em três dimensões, que dá noção de profundidade. Tudo isso com uma câmera
Full HD que aumenta em até 20 vezes o local operado e pinças capazes de fazer
mais movimentos do que a mão humana", explica Alexandre Silva e Silva,
oncoginecologista do Centro de Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em
São Paulo, onde a cirurgia foi feita.
"Essa
precisão diminui o risco de, durante a cirurgia, lesarmos nervos e grandes
vasos localizados próximos dos órgãos que devem ser removidos", diz o
cirurgião.
Em
relação aos benefícios da técnica de incisão única, o especialista ressalta que
é um método pouco invasivo e evita a criação de inúmeras cicatrizes no abdome
da mulher. Ele propicia ainda rápida recuperação da paciente.
Na
operação feita na última quarta-feira, em uma mulher de 41 anos com tumor em
estágio inicial, foram retirados o útero, as trompas e os gânglios linfáticos.
Todo o material operado foi removido do corpo pelo canal vaginal.
Alta com rapidez.
A
cirurgia teve duração de quase sete horas e contou com cinco profissionais.
Além de Silva, responsável pelo controle do robô e, portanto, pela operação da
paciente, participaram dois médicos assistentes, um anestesista e uma
instrumentadora. Apesar da complexidade da técnica, a paciente teve alta no dia
seguinte e já estará liberada para fazer atividades corriqueiras, como dirigir,
sete dias depois da operação.
O treinamento
para o controle de robôs para esse tipo de cirurgia só é oferecido fora do País
e custa cerca de US$ 30 mil Para ser capaz de aplicar a técnica, Silva passou
por um treinamento em Atlanta, nos Estados Unidos, em maio. A experiência
deverá ser relatada pela equipe do Hospital Oswaldo Cruz em periódicos
científicos nacionais e internacionais. "É uma técnica que ainda não foi
tão difundida porque tanto o treinamento quanto os equipamentos são muito caros
e complexos", diz.
Indicação.
O
médico ressalta, no entanto, que as cirurgias para o tratamento de câncer de
colo de útero - tanto as técnicas tradicionais quanto as robóticas - são
indicadas apenas para pacientes com tumores iniciais. Para os casos em que a
doença está mais avançada, o tratamento preferencial costuma ser feito com base
em quimioterapia e radioterapia.
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