Os sistemas adesivos, atualmente indispensáveis na
odontologia, surgiram em 1955, quando um cirurgião dentista chamado Buonocore
viu navios limpados com ácido para depois receberem tinta. A substância fazia
com que a superfície metálica ficasse porosa, de modo que a tinta penetrava
melhor e o resultado era mais duradouro. Inspirado, o dentista começou a
trabalhar com a mesma lógica. Estudou e publicou sobre condicionamento ácido do
esmalte dental, que proporciona maior adesão a materiais como a resina, amplamente
usada em restaurações. De lá para cá, pesquisadores e indústria não pararam de
desenvolver tecnologias para aprimorar essa aderência, tanto ao esmalte, parte
exterior e mais mineralizada do dente, quanto à dentina, parte interna.
Segundo Mauro Piragibe Jr. (CRORJ 31826), diretor da
Associação Brasileira de Odontologia, Seção Rio de Janeiro, os chamados
adesivos são agentes de união. “Esses sistemas funcionam como se fossem dois
braços, um se liga ao dente, e o outro ao material que está sendo aplicado. É
utilizado um ácido, que abre as porosidades do dentes, e os materiais adesivos
penetram nesses poros e se ligam à peça que está sendo colocada”, explica o
profissional. As técnicas adesivas, quando bem executadas e seguindo
todos os protocolos clínicos indicados, deixam os dentes mais resistentes, com
menos desgaste, e garantem uma maior durabilidade das restaurações.
Para o presidente da Academia Brasileira de Odontologia
Estética, Carlos Loureiro Neto (CROSP 29722), os chamados adesivos dentinários
são a essência da odontologia reabilitadora. “Essa técnica é utilizada em tudo
o que se refere a procedimentos restauradores e ortodônticos, desde a colagem
dos brackets dos aparelhos até procedimentos preventivos, como selamento de
fissuras dentais em crianças”, afirma o dentista.
Carlos Loureiro explica que, quando não existiam os
sistemas adesivos, as cavidades dentais precisavam ser mais desgastadas para
realizar restaurações, de modo que os materiais pudessem ficar dentro dessas
estruturas sem que se soltassem. No caso dos aparelhos ortodônticos, usavam-se
cintas de aço inoxidável ou inox, que se “abraçavam” aos dentes e depois eram
cimentadas sobre a estrutura dental. Em muitos casos, esses procedimentos
favoreciam infiltrações e até cáries, podendo gerar problemas durante e após a
sua utilização.
Conforme Piragibe, antes da criação das técnicas
adesivas, o uso de estruturas de metais, como ouro, eram mais comuns. As peças
eram cimentadas com fosfato de zinco, sem muita preocupação com a estética. Com
o desenvolvimento do sistema adesivo, os resultados dos procedimentos passaram
a ser mais belos e naturais.


Nenhum comentário:
Postar um comentário