A mulher do militar alegou que se
sentiu assediada e disse o jovem deveria usar uma camisa que o identificasse
como portador da necessidade especial.
Um militar com graduação de tenente agrediu um jovem autista de 18
anos, durante um show, em Registro, no Vale do Ribeira, porque achou que ele
estava "dando em cima" de sua mulher. O rapaz recebeu um soco no
peito e foi xingado. Quando familiares tentaram intervir informando que ele
possuía transtorno de espectro autista, a mulher do militar alegou que se
sentiu assediada e, se ele tem problema mental, não deveria estar usando roupa
como a de outros jovens, mas estampando na camiseta algo que identificasse o
problema para as outras pessoas saberem.
A
agressão aconteceu na noite do último domingo, 30, durante a festa de
aniversário da cidade, com show do cantor Lenine, na Praça Beira Rio, região
central da cidade. O rapaz dançava e se divertia com a mãe e outros familiares,
quando foi agredido de forma repentina. Ele ficou com um hematoma no peito.
Após a agressão, o jovem se mostrou arredio e quis ir para a casa, segundo a
irmã, Ingrid Laís de Freitas, que estava com ele. "O Victor não quis ir
para a delegacia, só queria ir para casa, por isso só fizemos o boletim de
ocorrência no dia seguinte."
A mãe
do rapaz, Viviane Teixeira Ribeiro, relatou à polícia que seu filho é autista e
não se comunica verbalmente e que, na data, estava no show, quando passou um
casal ao lado e a pessoa que se identificou como tenente Nascimento desferiu um
soco no peito de Victor Hugo. O autor respondeu que Victor havia mexido com a
mulher dele. Viviane perguntou se o jovem havia tocado nela, e ela disse que
não, mas que ele havia "olhado estranho para ela".
Depois
de saber que Victor era autista, o tenente ficou indiferente, mas a mulher
alegou que a mãe deveria identificá-lo "como uma pessoa especial".
Viviane considerou a atitude do militar e da esposa "preconceituosa".
O jovem autista frequenta a APAE e segue tratamento para o transtorno, que se
agravou após a agressão.
O
boletim de ocorrência, assinado pelo delegado Marcelo Ferreira da Cruz, não
traz a identificação completa do tenente e de sua esposa. Associações de defesa
de pessoas portadoras de necessidades especiais acionaram a Defensoria Pública,
que entrou no caso. Uma reunião está marcada com a família para a próxima
segunda-feira, 5. A reportagem tentou contato com o delegado, mas não teve
retorno. Também não conseguiu a identificação completa e os contatos do tenente
Nascimento.
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