FONTE: *** Flavia Azevedo, CORREIO DA BAHIA.
Se
você não é uma mulher, não há a menor possibilidade de entender o que acontece
no corpo de uma mulher durante o orgasmo. Não dá pra olhar e dizer: ela gozou.
A não ser que você conheça, profundamente, a mulher com quem faz sexo, não há
como você saber se aquele gozo que acabou de rolar na sua cama foi físico,
intenso, gostoso ou se você foi brindado com uma das especialidades femininas:
o orgasmo de mentirinha.
Às
vezes rola, pois é. E por muitos e infinitos motivos. Motivos péssimos como a
mulher nunca ter conseguido um orgasmo (e escolhe fingir em vez de aprender a
gozar) e motivos práticos como abreviar um sexo que não está sendo gostoso.
Somos boas nisso e eu duvido da existência de uma mulher adulta que nunca tenha
fingido. Na boa. É uma habilidade que, quando bem utilizada, pode ajudar nas
relações.
Tá
bom, eu sei que o certo é não precisar (ou querer) fingir nunca. Mas, quem vive
todos os dias da vida nessa sinceridade toda? Você finge estar feliz no
aniversário da sogra, você finge que acha seu chefe genial, você finge que é
rico nas redes sociais e a gente pode fingir que foi legal demais transar com
você. Não vejo problemas.
Seja
sincero: seria tranquilo escutar que seu pinto é muito menor do que o que a
moça esperava e que não tá dando certo, por exemplo? Ou que você,
definitivamente, não tem talento para sexo oral? O orgasmo de mentirinha pode
ser uma prova de consideração quando as verdades são muito doloridas, quando
não há como resolver. Ele equivale àquela gargalhada a gente força depois da
piada chata de um estranho, assim, pra ser gentil antes de se despedir.
Questão
de etiqueta, de praticidade, de economia de tempo e de escolha. Nossa. Porque
cada uma de nós pode decidir pra quem vai dar assunto, pra quem vai dizer a
verdade, em que mão quer segurar pra seguir. O resto, a gente dispensa. E
fingir pode ser, apenas, um jeito de dispensar.
*** Flavia
Azevedo é produtora e mãe de Leo.
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