FONTE: Gabriela Guimarães e Marina Oliveira, Colaboração para o UOL (http://estilo.uol.com.br).
A blogueira Maria Cristina Bernardo, 36 anos,
fundadora do Mães Empreendedoras, sentiu a vida sexual mudar após o
nascimento do primeiro filho, Guilherme, hoje com 9 anos. “Eu estava tão ligada
a ele que não conseguia pensar em qualquer outra coisa. Na verdade, eu chegava
a me sentir culpada por pensar em algo que não fossem as necessidades do meu
filho”, diz Maria Cristina, que também é mãe de João, 5 anos, e de Júlia, de
apenas 2 meses.
Havia também o desgaste físico causado pelo
aumento de tarefas diárias, pela privação de sono e pelo processo de adaptação
aos novos papéis familiares. “Eu precisava cumprir horários com o bebê e isso
afetou a rotina da casa, do trabalho e também a vida sexual. No fim do dia, eu
ficava muito cansada”, explica.
Não bastassem tantas mudanças do lado de fora, o
corpo da mulher também sofre modificações que colaboram para que a vida sexual
seja colocada em segundo plano logo após o parto. Durante a amamentação, o que
estimula a produção de leite é o hormônio prolactina. “Esse hormônio inibe o
desejo e a excitação sexual”, explica a ginecologista e obstetra Carolina
Rossoni, do Hospital e Maternidade São Luiz.
É fato que o desejo não é influenciado somente
pelos hormônios e que os pensamentos eróticos também contam. Contudo, assim
como aconteceu com Maria Cristina, é bem difícil a mulher pensar em sexo com um
bebê precisando de cuidados quase que o tempo todo. “Normalmente, a retomada da
vida sexual acontece após quatro a seis meses do nascimento da criança, quando
a amamentação e a rotina familiar estão estabelecidas”, diz Carolina.
O corpo ainda está sofrendo mudanças.
O período de ajustes na cama e adaptação com o
corpo é normal. “O que mais interferiu na minha sexualidade foram os seios,
porque estavam sempre cheios de leite e vazando. Eles não eram mais uma zona
erógena”, diz a dona de casa Camila Battistini, 35 anos, mãe de quatro filhos,
sendo o mais novo, Bento, de 1 ano.
O ressecamento vaginal também é comum no
pós-parto. “Nas primeiras relações sexuais pode haver um certo desconforto, mas
é possível amenizá-lo com lubrificante à base de água”, diz a ginecologista.
O desejo aparece aos poucos.
O casal vai precisar retomar a intimidade. Voltar
a namorar ao sentir-se confortável, sem o propósito de evoluir para o sexo, é
uma estratégia que ajuda nessa fase, segundo o ginecologista e obstetra Luiz
Fernando Carvalho, especializado em Reprodução Humana. “Quanto menos você faz
sexo, menos tem vontade de fazer. No começo, é preciso estimular, criar algumas
brincadeiras entre o casal. Daí o desejo vai aparecendo”, explica.
Um pensamento que também pode ajudar é o de que
sexo nem sempre é sinônimo de penetração. “Mesmo durante o resguardo, fazíamos
tudo fluir naturalmente. Rolavam beijos quentes, carícias, sexo oral e
masturbação mútua”, diz Camila. Para o ginecologista e obstetra Alberto
Guimarães, mestre pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), dar apoio e
carinho também ajuda a estimular a relação. “Cuidar do bebê para o outro dormir
é uma forma de incentivar a sexualidade”, diz.
Ser paciente também faz parte.
O par deve ser paciente porque, além de todas as
mudanças que a mulher está vivendo, há a questão da autoestima. Com o corpo
completamente diferente, muitas passam a não reconhecer a própria imagem no
espelho. “Eu nunca tive alteração de peso mas, na minha primeira gestação,
engordei bastante. O estar gorda não é um problema, a questão é mudar o seu
referencial. Isso afetou a minha autoestima”, conta Maria Cristina.
O que a ajudou a superar a fase foi sentir-se
amada mesmo nos dias em que ela se via “mais descabelada do que o normal”. “Se
você não está se valorizando e tem um companheiro que coloca a sua autoestima
lá embaixo, associando um determinado tipo de corpo com prazer, o período se
torna mais difícil”, diz. Guimarães concorda. “O parceiro precisa estar atento
às mudanças emocionais da mulher, porque ela pode ter a sensação de que não
desperta mais o desejo dele. Essa percepção pode retardar a retomada das
relações”, explica o médico.
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