FONTE: Bianca
Paiva, da Agência Brasil ( ),
CORREIO
DA BAHIA.
O novo medicamento
vai prevenir os problemas cardiovasculares.
As
pessoas que vivem com HIV/Aids têm 40% a mais de risco de desenvolver doenças
do coração. Uma pesquisa inédita no mundo vai testar um novo medicamento para
prevenir os problemas cardiovasculares deste grupo.
O anúncio foi feito nesta quinta-feira (27) pela Fundação
de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HDV), em Manaus. A
instituição é a única da região Norte e uma das oito no país que vão participar
do estudo, que é coordenado pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
Segundo o diretor de Ensino e Pesquisa da Fundação,
Marcus Lacerda, as pessoas com HIV estão morrendo mais por causa de infartos e
derrames cerebrais do que de outras doenças.
“O
próprio vírus faz com que haja aumento de colesterol e triglicerídeos e destrói
vasos. Ainda que esteja muito baixo no sangue, o vírus vai fazendo alterações
cardiovasculares. Além disso, as drogas para o tratamento do HIV também
aumentam os triglicerídeos e o colesterol. Então, juntando a droga do coquetel
com o próprio vírus, isso faz com que haja mais infartos”, disse.
O novo tratamento consiste no uso de um medicamento
chamado de Pitavastatina, que tem em sua composição a estatina, uma substância
que é utilizada para o controle do colesterol. Segundo a diretora-presidente da
FMT, Graça Alecrim, o diferencial é que o remédio não reduz a eficácia dos
coquetéis usados por pessoas com HIV.
“Hoje as pessoas de mais de 50 ou 60 anos tomam as
estatinas para prevenir exatamente doenças cardiovasculares. E essa é uma nova
estatina, que não vai interagir com as drogas próprias que tratam o vírus, para
melhorar a situação cardiovascular desses pacientes”, ressaltou Graça Alecrim.
Em todo o mundo, a expectativa é de que 6.500
voluntários, que têm o vírus, participem dos testes. Em Manaus, a previsão é de
150, que deverão ser acompanhados durante cinco anos.
Segundo o diretor Lacerda, os voluntários ainda estão
sendo recrutados. "As pessoas devem ter entre 45 e 70 anos de idade. Elas
já têm que estar usando o coquetel para o HIV e podem nos procurar diretamente
aqui na Fundação de Medicina Tropical, para dizer que têm interesse em
participar do estudo”, informou.
Caso seja comprovada a eficácia do novo medicamento na
redução dos riscos de doenças cardíacas, o Ministério da Saúde poderá incluí-lo
na lista de medicamentos oferecidos de forma gratuita aos pacientes com HIV.
“Temos a perspectiva de análises seriadas intermediárias
e, na medida em que observarmos que a droga é de fato muito eficaz, o estudo
será interrompido e o Ministério da Saúde passará, então, a adquirir a
Pitavastatina para ser usada pela população com HIV/Aids”, afirmou Lacerda.
Pesquisa
A pesquisa, chamada Estudo randomizado para prevenir eventos vasculares em HIV (Reprieve), também está sendo realizada em países como Estados Unidos, Porto Rico, África do Sul, Botswana e Tailândia. O trabalho é financiado pelo National Heart Lung e Blood Institute, do National Institutes of Health (NIH).
A pesquisa, chamada Estudo randomizado para prevenir eventos vasculares em HIV (Reprieve), também está sendo realizada em países como Estados Unidos, Porto Rico, África do Sul, Botswana e Tailândia. O trabalho é financiado pelo National Heart Lung e Blood Institute, do National Institutes of Health (NIH).
No Brasil, o projeto tem o apoio do Ministério da Saúde e
é coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. Centros
de Pesquisa de São Paulo, Minas Gerais e da Bahia também participam do estudo.
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