FONTE: Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil, TRIBUNA DA BAHIA.
Em relação a 2008, o resultado mostrou incremento
de 13 pontos percentuais.
Pesquisa nacional divulgada
ontem (24) pela Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro
(Fecomércio-RJ) sobre os hábitos culturais dos brasileiros revela que 56% dos
entrevistados – o correspondente a cerca de 86 milhões de pessoas –
frequentaram pelo menos uma atividade cultural no ano passado, com avanço de
três pontos percentuais em comparação a 2015. Em relação a 2008, o resultado
mostrou incremento de 13 pontos percentuais.
A
sondagem foi feita em parceria com o Instituto Ipsos, entre os dias 30 de
novembro e 12 de dezembro de 2016, com uma amostra de 1.200 pessoas, em oito
capitais (Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Florianópolis, Salvador,
Recife, Porto Alegre e Brasília) e em mais 64 cidades do país.
A
principal atividade mencionada foi a leitura de livros, revelando a prática por
37% dos entrevistados e aumento de seis pontos percentuais comparativamente ao
início da série histórica, em 2007. Cinema foi a segunda atividade citada, com
34% das respostas e o maior aumento comparativamente à pesquisa de 2007: 17
pontos percentuais.
Pelo
menos 29% dos entrevistados revelaram frequentar shows musicais,
mostrando a expansão de nove pontos percentuais ante 2007 na prática. Os
frequentadores de peças de teatro aumentaram 11%, com crescimento de cinco
pontos percentuais. Os que assistem espetáculos de dança aumentaram 11%, um
crescimento de quatro pontos percentuais; e os que vão a exposições de arte,
passaram a 11%, com aumento de três pontos percentuais em relação a 2007. No
caso de museus, que começaram a ser pesquisados em 2015, as respostas
totalizaram 10%, mostrando avanço de três pontos percentuais.
Avanços.
O
gerente de Economia da Fecomércio-RJ, Christian Travassos, disse que são
avanços significativos em relação à série histórica. “Há dez anos temos
acompanhado os hábitos de lazer e culturais dos brasileiros. Não há ruptura de
um ano para outro mas, gradualmente, vemos uma melhora significativa. Então,
aos poucos, percebemos uma melhora na frequência de ambientes culturais por
parte do brasileiro”, disse o economista.
Desde o
primeiro ano da pesquisa, a maior adesão a bens culturais continua sendo a
leitura de algum livro ou e-book (livro digital). “É mais acessível, a gente
toma emprestado.
Na
listagem, é o mais representativo, disse Travassos. Ele atribuiu a maior
expansão do hábito de ir ao cinema nesta década (de 17% para 34%) não só ao desenvolvimento
da linguagem visual, mas também ao boom (explosão) de filmes 3D. Em paralelo,
ocorreram promoções e parcerias de salas de cinema com empresas de
telecomunicações e bancos, que contribuíram para facilitar o acesso do
consumidor, com ingresso mais em conta.
A
internet, também ajudou a dar maior visibilidade aos programas culturais. “É um
complemento da atividade de lazer”, disse Christian Travassos.
Televisão.
Entre os 44% de brasileiros que não fizeram
nenhum programa cultural no ano passado, a
atividade mais procurada foi a televisão, com 80% das respostas. O gerente de
Economia da Fecomércio-RJ destacou que o total de entrevistados que relataram
não ter consumido nenhum bem cultural vem caindo de ano para ano. Em 2015, eram
47%; em 2008, 48%. Segundo Travassos, a não realização de uma atividade
cultural se deve, historicamente, à falta de hábito.
O
desafio é despertar o interesse de pessoas que nunca tenham lido um livro ou
ido ao cinema, afirmou o gerente. “Pode ser um fator de mudança trazer crianças
e adolescentes para os ambientes culturais para que isso tenha efeito entre os
mais velhos. O preço das atrações culturais é uma questão secundária, até
porque há muitos shows, exposições e espetáculos gratuitos."
As
atividades mais procuradas pelos que não consomem bens culturais, ao contrário,
vem se ampliando. Assistir televisão passou de 52%, em 2008, para 80%, em 2016.
Na mesma comparação, ir à igreja ou a algum centro religioso subiu de 11% para
24%; fazer almoço ou churrasco com amigos, de 9% para 21%; ir a bares, de 10%
para 15%; e jogar futebol, de 9% para 10%.
Preços justos.
O
economista avaliou que o cenário econômico ainda adverso acaba impactando o
lazer do brasileiro em geral. Por isso, disse ser razoável que, para manter o
padrão de consumo, seja reservado um valor menor para o lazer, que não é visto
como atividade essencial como ir ao supermercado ou farmácia.
Daí ser
razoável que na passagem de 2015 para 2016 haja, para a maioria dos itens, uma
redução de custo justo sugerido. A pesquisa revela que os consumidores
declararam estar dispostos a pagar pelas atividades culturais listadas menos do
que em 2015. Os preços considerados justos por eles variaram de R$ 13,31 para
compra de CDs até R$ 35,61 para ingresso de shows musicais. No ano anterior, os
mesmos itens tinham preços apontados de R$ 16 e R$ 41, respectivamente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário