FONTE: Gabriela Guimarães e Rita Trevisan, Colaboração para o UOL (http://estilo.uol.com.br).
À noite,
você demora a sentir sono e, por isso, vai para a cama cada dia mais tarde.
Porém, quando o despertador toca, imediatamente se arrepende e ainda promete a
si mesmo que, naquele dia, vai dormir mais cedo. Mas basta cair a noite e o
ciclo recomeça. Se até aqui você se identificou com quase toda a situação
descrita, é bom saber que está longe de ser o único.
“Vivemos
em um ambiente que é tóxico ao sono, em contato com a luz e sendo impactados
por estímulos o tempo todo”, explica o médico Geraldo Lorenzi Filho, diretor do
Laboratório do Sono do Incor (Instituto do Coração) do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).
A vontade
de acompanhar tudo o que acontece ao nosso redor, o tempo todo, nos faz
permanecer conectados. Porém, quanto mais consumimos informações, mais ficamos
excitados, afastando, de vez, qualquer possibilidade de conciliar o sono.
Outro
ponto é o aumento das horas dedicadas ao trabalho. Quem fica até mais tarde na
empresa ou leva tarefas para casa obrigatoriamente dedica menos tempo ao lazer
e ao relaxamento. “Fora o trabalho explícito, há o trabalho não explícito. Se
eu respondo um WhatsApp para o meu chefe no meio de uma festa, por exemplo,
estou trabalhando”, afirma Lorenzi Filho.
Contudo,
um dos efeitos de passar mais horas acordado é, justamente, a perda de
produtividade. Em resumo: na ânsia de fazer e saber mais, acabamos perdendo a
capacidade de manter a regularidade na realização de nossas tarefas diárias. “A
falta de um sono reparador está diretamente ligada a sintomas como
irritabilidade, sonolência diurna e dificuldade de concentração”, diz o médico
Francinaldo Gomes, neurocirurgião pela Unifesp (Universidade Federal de São
Paulo).
Dormir mais exige disciplina.
Para os
que não fazem parte do grupo de pessoas que acorda descansado e rende muito bem
durante o dia, a única alternativa é ajustar a rotina.
A
neurologista Rosa Hasan, responsável pelo laboratório de sono da Faculdade de
Medicina do ABC, concorda. “É essencial que as pessoas deixem de enxergar as
horas de descanso como perda de tempo. Esse seria um bom ponto de partida para
mudar a rotina”, afirma.
Desligar
aparelhos eletrônicos pelo menos 40 minutos antes de dormir é outra medida que
os especialistas classificam como eficiente na busca de um sono reparador. Isso
porque a luz emitida por celulares e computadores inibe a produção de
melatonina, o hormônio que prepara o corpo para o repouso.
Evitar
bebidas alcoólicas, cigarro, refeições pesadas e estimulantes – como café e
guaraná - à noite também é uma maneira de deixar o caminho livre para a
sonolência chegar e, quem sabe, até levá-lo mais cedo para a cama.
“Idealmente,
deveríamos bloquear a agenda pelo menos três horas antes de dormir e, nesse
período, fazer atividades mais relaxantes, como ler, meditar ou tomar um banho
morno”, afirma Christian Barbosa, especialista em produtividade, autor do livro
"A Tríade do Tempo" (Editora Sextante).
Lorenzi
Filho também indica que se mantenha, ao lado da cama, um caderno de
preocupações: “Assim, se mesmo estando desconectado do trabalho e da rotina,
alguma questão perturbar você, bastará anotar no caderno. E deixar para
resolver no dia seguinte”.
Sono garante equilíbrio físico e
emocional.
É durante
o repouso que o corpo relaxa e, embora a maioria das nossas atividades vitais
sejam mantidas, ocorre uma desaceleração geral. A pressão nos vasos sanguíneos,
por exemplo, diminui enquanto dormimos. E essa é uma condição para que, no dia
seguinte, possamos retomar nossas atividades com gás total.
Para manter
o equilíbrio das emoções, dormir também é essencial. Quando passamos por um
trauma, a tendência é sonhar repetidamente com a cena que nos abalou. E essa é
uma estratégia do organismo para nos trazer de volta ao estado de bem-estar e
segurança. “Os sonhos têm forte conteúdo emocional. Sonhar é uma maneira de
dissipar as emoções”, explica Lorenzi Filho.
É na cama
que ocorre, ainda, a fixação das memórias, quando o cérebro separa o que é
preciso guardar do que é viável esquecer. Tudo para manter nossa organização e
clareza mental.
O tempo
necessário para ter um sono de qualidade - que permita ao organismo desempenhar
todas essas funções essenciais à sobrevivência - varia de um indivíduo para
outro. Mas o principal sinal de uma noite bem dormida é acordar totalmente
descansado, disposto e, de preferência, sem precisar usar o despertador.
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