FONTE: Jamil Chade,, CORREIO DA BAHIA.
A
Fifa ainda tenta provar que foi vítima de cartolas sem escrúpulos, mas que não
admite corrupção.
Investigações
do FBI sobre a corrupção na Fifa se ampliam e voltam a atingir membros da
entidade, que, ainda hoje, fazem parte do comando do organismo que controla o
futebol mundial. Nesta semana, um auditor da Fifa, Richard Lai, se declarou
culpado diante da corte de Nova York, revelando como havia sido “contratado”
para recrutar outros dirigentes em esquemas corruptos.
Seu
reconhecimento abre uma nova crise, já que Lai era um dos homens escolhidos
pela gestão de Gianni Infantino para o Comitê de Auditoria, em um esforço da
entidade para limpar seu nome e insistir que a corrupção é algo que faz parte
do seu passado. Esse é também o primeiro caso de uma prisão de um membro
asiático da Fifa, em um processo que até agora havia se limitado à América
Latina.
A
Fifa ainda tenta provar que foi vítima de cartolas sem escrúpulos. Mas que não
admite corrupção. A suspeita é ainda de que Lai tenha recebido pelo menos US$
850 mil da Federação de Futebol do Kuwait entre 2009 e 2014 para identificar
outros cartolas que estivessem dispostos a entrar no esquema de fraude. O
objetivo era o de permitir que a facção que o estava pagando ganhasse poder e
influência dentro da Fifa.
A
federação do pequeno país árabe, porém, é controlada por Ahmad Al Fahad al
Sabah, à frente do cargo há 14 anos. Al Sabah é também membro do COI e
conhecido como um dos atores mais poderosos do esporte mundial. Foi seu apoio,
por exemplo, que garantiu a escolha do alemão Thomas Bach na liderança do
movimento olímpico. Na Fifa, Al Sabah ainda age como um dos homens mais
influentes e, desde a queda de Joseph Blatter, saiu em apoio aos integrantes da
Uefa, entre eles o atual presidente Gianni Infantino.
Lai,
por sua vez, foi nomeado pela gestão de Infantino para ser um dos membros do
Comitê de Auditoria da Fifa. Seu nome foi aprovado, apesar de ter sido
“examinado” pelos controles internos da entidade. Mas Lai ainda fez outras
revelações. Como presidente da Associação de Futebol de Guam desde 2001, ele
recebeu em 2011 cerca de US$ 100 mil para dar seu voto para Mohammed Bin
Hammam, do Catar, na eleição presidencial da Fifa. Bin Hammam já foi banido do
futebol.
Segundo
o auditor, o dinheiro enviado era oficialmente designado para que sua federação
pagasse por treinadores para equipes de base. “A palavra 'treinador' era o
código do pagamento, que na realidade era para mim”, declarou. “Nunca usei esse
dinheiro para pagar pelos treinadores”, admitiu. Ao se declarar culpado, Lai
terá de pagar multas de US$ 1,1 milhão à Justiça dos Estados Unidos. “Trata-se
de um outro importante passo no esforço de limpar o futebol”, disse a
procuradora Bridget Rohde. “O acusado abusou da confiança depositada nele para
se enriquecer e isso foi especialmente significativo diante de sua posição no
Comitê de Auditoria da Fifa, que deve ter um papel importante dentro da Fifa se
a entidade quiser eliminar a corrupção”, alertou.
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