A fidelidade é vista por muita gente como essencial
para um relacionamento saudável. Entretanto, para outros, nem sempre viver com
alguém infiel é um problema, desde que isso esteja no acordo da relação. E para
você, é possível perdoar uma traição?
A seguir, conheça a história de Sara*, 38 anos. Ela ficou casada com o pai de suas duas
filhas por quase dez anos --estão separados há sete-- e viveu inúmeros
episódios de infidelidade. Mas para a empresária, esse não foi o motivo que a
levou à decisão da separação. No relato abaixo, ela conta como lidou e
conseguiu superar esse relacionamento.
*O nome foi trocado para preservar a identidade da
entrevistada.
Primeiro amor.
"Nos conhecemos na escola, quando eu tinha 13
anos. Ele era ex-aluno, nove anos mais velho do que eu. Quando o conheci, sabia
que me casaria com ele. Sempre rolou alguma coisa entre nós, mas começamos a
namorar mesmo em 1998, quanto eu estava com 19.
A primeira traição aconteceu durante o namoro e
cheguei até a pegar um vídeo dele com outra mulher. Mas tenho a cabeça bem
tranquila em relação a isso e não acho que sexo eventual seja tão grave. Às
vezes acontece e todos sabemos que o tesão é algo difícil de controlar. Não
acho totalmente impossível que eu mesma caia em tentação e isso não significa
que eu não ame ou respeite meu parceiro.
O casamento.
Quatro anos depois, nos casamos. Quando nossa
primeira filha ainda era bebê e eu estava vivendo um sonho, descobri a primeira
amante fixa. Foi um golpe muito grande. Perdoei de novo porque não conseguia
imaginar minha vida sem ele, era boba. E também porque não sabia o que fazer,
não tinha plano B.
A infidelidade por sexo, como já disse, eu perdoei
fácil. Mas relacionamentos, telefonemas de madrugada, mulheres que me
perseguiam para contar 'verdades' e amigos com vergonha de contar que o viram
com outra em tal lugar, isso era abominável.
Vejo os relacionamentos como acordos; existem opções
e ninguém deveria se sentir forçado a manter a monogamia. São escolhas, feitas
a dois, e devem ser respeitadas. Por isso, quando descobri a segunda amante
fixa, quando a minha filha mais velha tinha 7 anos e a pequena 1, cheguei a
sugerir abrir o relacionamento, achava mais justo, mas ele não topou. E
continuava negando, dizendo que mudaria, mas, lógico, nada mudou.
Fui ficando exausta. Mentiras, viagens falsas,
mensagens mandadas por engano e nudes encontrados no computador.... Isso cansa
e não pode ser amor. Amor é outra coisa. Sabe quando você percebe que é mais
feliz quando a outra pessoa simplesmente não está por perto?
A decisão de se separar.
A segunda amante, instintivamente, eu já sabia da
existência havia pelo menos seis meses. Mas tinha decidido aceitar quem ele era
desde a primeira traição. No final, a infidelidade não foi mesmo o motivo da
separação. Eu cansei de várias coisas. Coloquei na balança e já não fazia mais
sentido. Ele era infantil e inseguro e isso me atormentava mais do que as traições
--nunca tive muita paciência para 'D.R'. Fiquei com ele enquanto estava feliz.
Perdoo, perdoei e perdoaria de novo. Eu precisava
viver isso, mas, passou! A gente acha que faz tudo por quem ama e, na verdade,
acho que é muita falta de amor próprio.
Reencontro consigo mesma.
Não tenho arrependimentos, esse relacionamento me
deu minhas filhas. Entretanto, ainda hoje pago o preço por ter abandonado minha
vida e me perdido de mim mesma. Mas consegui me reencontrar e foi sensacional.
Ficar solteira aos 32 anos foi incrível. Outra
noção de amor e sexo. Amores eternos de uma noite só. Vivi aos 30 o que as
pessoas vivem, normalmente, aos 20. Só que com maturidade de me aceitar e saber
o que eu quero ou não.
Novo relacionamento.
Nos separamos há sete anos. Aproveitei os primeiros
três como se não houvesse amanhã. Há quase quatro comecei a namorar, mas ele é
parceiro, de vida e de balada. Somos namorados, quero ser namorada. Preservo
muito nossa individualidade --e ele também. Até porque, como tenho minhas filhas,
tudo é mais complicado. Prefiro preservar assim.
Mas ele convive com elas, se dão superbem. O ex
também se dá bem com as meninas, mas comigo, não. Eu tentei um bom
relacionamento e não deu. Aceitei que faz parte e que não tem outro jeito. O
importante é que passou e hoje sou feliz!"
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