Noah, um rapaz
britânico de 19 anos, não acreditou quando foi diagnosticado com uma doença
sexualmente transmissível.
"Nunca pensei que
algo assim pudesse acontecer comigo", disse ele à BBC. "Não sabia o
que fazer."
Mas essas infecções -
causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos - são muito mais comuns
do que Noah imagina.
De acordo com o
Departamento de Saúde Pública da Inglaterra, foram registrados no ano passado
144 mil casos de clamídia ou gonorreia entre pessoas de 15 a 24 anos.
Isso equivale a quase
400 diagnósticos por dia, ou um a cada quatro minutos.
No Brasil, não há dados
nacionais sobre casos de clamídia ou gonorreia, uma vez que não são de
notificação compulsória. O mesmo se aplica ao HPV (Papilomavírus Humano), mas
estima-se que esta seja a infecção sexualmente transmissível mais frequente na
população.
No caso do HIV, vírus
causador da Aids, o número de novos casos anuais no país subiu quase 140% entre
2007 e 2017: de 6.862 a 16.371.
Procure
um médico.
Peter Greenhouse,
consultor de saúde sexual, recomenda que diante de qualquer sintoma suspeito -
como feridas, corrimentos ou verrugas anogenitais - a pessoa procure um médico
o mais rápido possível, a fim de fazer uma avaliação e iniciar o tratamento.
Muita gente se sente
constrangida com a ideia de ter que falar sobre o assunto, mas não há motivo
para ficar nervoso.
Você pode ir até uma
clínica especializada ou marcar uma consulta com seu médico de confiança.
Os profissionais de
saúde são treinados para te ouvir e ajudar.
O Sistema Único de
Saúde (SUS) oferece atendimento e tratamento gratuitos.
Avise
seu parceiro.
O próximo passo é
entrar em contato com seu parceiro - e ex-parceiros - para deixá-los a par da situação.
Pode ser um pouco
embaraçoso, mas é importante avisar a eles que podem estar infectados.
Assim, eles também
podem iniciar o tratamento, interrompendo a cadeia de transmissão da infecção.
A maioria das infecções
sexualmente transmissíveis pode ser curada com um simples tratamento a base de
antibióticos e pomadas genitais.
Mas é importante não
ter relações sexuais até completar o ciclo de antibióticos.
Qual
é a melhor maneira de alertar seus ex-parceiros?
Em primeiro lugar, não
entre em pânico.
Você mesmo pode contar
a eles. Algumas pessoas preferem, inclusive, falar pessoalmente.
Em alguns países, os
médicos podem se oferecer para dar esse telefonema por você. Algumas clínicas
disponibilizam, inclusive, um serviço de mensagem de texto anônima para avisar
à pessoa que um ex-parceiro foi diagnosticado com uma doença sexualmente
transmissível e informar que ela deve fazer o exame.
Seja como for, o
importante é alertar os ex-parceiros para que possam dar início ao tratamento e
impedir assim que a infecção continue se propagando.
Realidade ou ficção?
Existem muitos mitos
sobre as infecções sexualmente transmissíveis e nem sempre é possível confiar
no que você lê na internet.
Essas
são algumas das perguntas mais comuns:
Você pode pegar
clamídia ao sentar no vaso sanitário? Não. A clamídia é uma infecção bacteriana
transmitida por meio de relações sexuais sem proteção ou pelo contato com
fluidos sexuais.
É possível contrair uma
infecção sexualmente transmissível ao compartilhar a mesma cama ou toalha? A
única que pode se espalhar assim é o piolho pubiano - parasitas que vivem nos
pelos pubianos, nas axilas ou até mesmo nas sobrancelhas.
Os sintomas incluem
coceira, pequenas manchas de coloração azulada (causadas pelas mordidas) e de
sangue na pele.
Você pode prevenir as
infecções sexualmente transmissíveis tomando pílula anticoncepcional? Não. A
pílula é eficaz como método contraceptivo e, às vezes, para regular o ciclo
menstrual. Se você quer se proteger de doenças sexualmente transmissíveis, deve
usar preservativo.
Existe doença
sexualmente transmissível na garganta? Sim, você pode ter clamídia ou gonorreia
na garganta. A melhor maneira de se proteger é usando camisinha no sexo oral.
Como evitar que
aconteça novamente?
O principal conselho de
Greenhouse é sempre usar preservativo ao começar uma nova relação sexual (seja
oral, anal ou vaginal).
Uma vez que ambas as
partes tenham feito os exames necessários, podem considerar a substituição da
camisinha por outra forma de contraceptivo, se assim desejarem.
A camisinha masculina
ou feminina pode ser retirada gratuitamente nas unidades do SUS.
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