Um grupo de
pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) descobriu uma
forma de regular uma vida de sinalização chamada de WNT. A desregulação da WNT
pode causar má-formação de embriões e o desenvolvimento de uma série de
doenças, como câncer de mama e de colo de útero.
A relação da regulação
dessa via com essas doenças existe porque a WNT é dependente da proteína
beta-catenina, que é fundamental para o desenvolvimento de embriões e para a proliferação
celular e estruturação de tecidos.
O composto químico
usado para estudar o funcionamento da via de sinalização WNT foi um inibidor
seletivo da proteína quinase 1 associada à AP2 (AAK1), desenvolvido por
pesquisadores do SGC-Unicamp.
Estudos recentes
indicavam que AAK1 está envolvida na endocitose (processo pelo qual as células
captam para dentro delas diversos tipos de partículas do meio extracelular,
como micronutrientes e até alguns tipos de vírus e bactérias) e que esta teria
um papel regulatório na via de sinalização WNT. A inibição da AAK1 diminuiria a
frequência da endocitose, apontavam esses estudos.
Os pesquisadores
utilizaram o inibidor dela como uma sonda química --uma pequena molécula capaz
de se ligar seletivamente e inibir a função de uma proteína relacionada a
doenças em um modelo biológico. Os resultados das análises dos
experimentos, publicados no periódico Cell Reports, mostraram que a AAK1
inibe a sinalização WNT dependente de beta-catenina.
Os pesquisadores também
constataram que o silenciamento genético ou a inibição farmacológica da AAK1
por meio do inibidor que desenvolveram, inversamente, ativa a sinalização da
WNT ao estabilizar os níveis da proteína beta-catenina nas células.
"Essas descobertas
abrem a possibilidade de regular a atividade dessa via de sinalização. O
composto químico inibidor da AAK1 pode tornar a via mais ativa, por
exemplo", diz a pesquisadora Roberta Regina Ruela de Souza, pós-doutoranda
no SGC-Unicamp.
Resultado pode ajudar a
impedir infecção de dengue, febre amarela e zika
As descobertas feitas
durante o estudo também confirmaram que a molécula inibidora da AAK1 que
desenvolveram atende ao critério de uma sonda química e que pode ser um
precursor de um fármaco que interfira em processos que dependam da endocitose,
como a entrada de determinados vírus na célula hospedeira, por exemplo.
Os pesquisadores podem
estudar a aplicação do inibidor para impedir a infeção por arbovírus --vírus
transmitidos por mosquitos, como o da dengue, da febre amarela e da zika.
"Sabemos que esses
vírus podem infectar células por meio da via da endocitose. Ao inibir essa via
por meio da sonda química que desenvolvemos seria possível bloquear a entrada
desses vírus nas células", disse Souza.
O inibidor da AAK1 será
colocado em domínio público, para que qualquer pesquisador ligado a uma
universidade, instituição de pesquisa ou indústria farmacêutica possa fazer
estudos que resultem eventualmente no desenvolvimento de fármacos a partir da
molécula.
"Produzimos sondas
químicas para proteínas humanas que podem ser usadas como moléculas iniciais
para o desenvolvimento de fármacos pelas indústrias farmacêuticas", diz
Souza.
*Com
informações da Agência Fapesp.
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