O vinho tinto é uma das
poucas bebidas alcoólicas com fama de fazer bem a saúde. Mas de onde vêm esse
benefício? Apesar de estar claro para a ciência que ele vem dos polifenois,
substâncias presentes na casca da uva e com alto poder antioxidante, a sua presença
era considerada maior no vinho, devido a forma como ele é feito: "Durante
a fermentação das uvas roxas para a fabricação do vinho, o açúcar da fruta é
transformado em etanol. E é exatamente quando o álcool liberado que a bebida
fica mais tempo em contato com a casca da uva e assim consegue extrair uma
maior quantidade de polifenóis", afirma Caroline Dani, biomédica e
coordenadora da Comissão de Segurança e Saúde da OIV (Organização Internacional
da Vinha e do Vinho) no Brasil.
Entre esses polifenois
se destacam os taninos e o resveratrol, além dos flavonoides. "Eles também
têm eficácia, pois ajudam na eliminação de placas de gordura, e no sistema
circulatório, reduzindo o colesterol ruim (LDL)", endossa a nutricionista
Maria Fernanda Vischi D'Ottavio, nutricionista do HCor (Hospital do Coração),
em São Paulo.
Mas o suco integral tem
sim seus benefícios.
Por muito tempo,
especialistas acreditaram que os benefícios não se estendiam à bebida da uva
sem álcool, pois para a produção do suco, as uvas passam pelo processo de
aquecimento e maceração para a liberação do sumo, sem que a fruta seja esmagada
para evitar o resíduo amargo. Ou seja, o contato com a casca é menor.
Um exemplo é o estudo
feito pela cardiologista Silmara Regina Coimbra, do Incor do HC FMUSP
(Instituto do Coração Hospiral das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo), comprovou que tanto o vinho tinto quanto o suco de
uva provocam o mesmo efeito sobre o endotélio (camada que forra internamente os
vasos sanguíneos), aumentando a sua dilatação. Nessa camada é que se depositam
as placas de gordura (ateroscleróticas), que comprometem a circulação e são
capazes de provocar o infarto do miocárdio.
Segundo Coimbra, a
principal conclusão deste trabalho é que o suco de uva integral pode proteger o
indivíduo contra a doença arterial coronária sem os riscos associados ao
consumo do álcool.
Mas não vale qualquer
suco: precisa ser o integral!
A nutricionista Gisele
Pontaroli Raymundo, nutricionista e professora de Nutrição da PUCPR (Pontifícia
Universidade Católica do Paraná) é importante que o suco consumido seja
integral: não adianta confundi-lo com bebidas com sabor da fruta, que são
artificiais, e possuem aditivos químicos diluídos em água açucarada. Ou seja,
não trazem quase nada do suco original da fruta e de seus polifenóis.
Além disso, ela
ressalta que por mais que esse item seja um alimento funcional, não deve ser
consumido indiscriminadamente e sozinho não trará tantos benefícios à saúde
assim. "Ele precisa fazer parte de um estilo de vida saudável e uma
alimentação equilibrada com oferta de todos os grupos alimentares", orienta.
É fato que o suco de
uva integral perde parte das fibras durante o processo de fabricação. E ai cabe
a pergunta:
E os benefícios da
fruta in natura?
Muito nutritiva, a uva
pode trazer vários benefícios à saúde, da semente até a casca. Entre as
substâncias que ela tem e que nos fazem bem estão as catequinas, os carotenos e
também flavonoides. Assim como acontece com o vinho e o suco de uva integral, a
uva age como antioxidante, prevenindo diversas doenças, e é cardioprotetora,
pois favorece a circulação sanguínea. A diferença é que tanto o vinho como o
suco têm uma concentração maior desses compostos bioativos em uma pequena
porção.
Quanto consumir.
As uvas podem ser
consumidas diariamente. A recomendação nutricional é de um cacho pequeno (100
gramas) por dia. Mas como ela é sazonal, quando não for possível consumir a
fruta in natura, a recomendação é trocá-la pelo suco de uva integral, 300 ml
por dia (divididos entre almoço e jantar).
Já o vinho tinto, a
recomendação é de 120 ml por dia, para mulher, e 240 ml por dia, para os
homens, quando não houver nenhuma restrição.
*** Fontes: Caroline Dani,
biomédica, coordenadora da Comissão de Segurança e Saúde da OIV (Organização
Internacional da Vinha e do Vinho) no Brasil e professora de mestrado de
Biociências e Reabilitação do Centro Universitário Metodista IPA, em Porto
Alegre (RS); Edson Credidio, médico angiologista e cirurgião vascular, doutor
em Ciências de Alimentos pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas);
Gisele Pontaroli Raymundo, nutricionista e professora de Nutrição da PUCPR
(Pontifícia Universidade Católica do Paraná); Maria Fernanda Vischi D'Ottavio,
nutricionista do Hospital do Coração (HCor), em São Paulo; Silmara Regina
Coimbra, doutora em Cardiologia pelo Incor da USP (Instituto do Coração da
Universidade São Paulo); e William Máximo, professor de Enogastronomia da
pós-graduação em Gastronomia, do Centro Universitário de Maringá (Unicesumar),
no Paraná.
Nenhum comentário:
Postar um comentário