A depressão é um dos
transtornos mentais mais comuns no mundo, e estima-se que cerca de 15,5% dos
brasileiros enfrentarão o quadro ao longo da vida. O tratamento envolve terapia
e medicamentos, mas nem todos os pacientes respondem completamente aos
antidepressivos. Um estudo que acaba de ser publicado na Nature
Communications pode abrir caminho para que essa proporção aumente no
futuro.
Pesquisadores de um
consórcio internacional descobriram uma proteína, a GPR56, que estaria
envolvida tanto na biologia da depressão quanto no efeito dos antidepressivos.
De acordo com os coordenadores da pesquisa, da Universidade McGill, no Canadá,
esse pode ser um novo alvo para o desenvolvimento de medicamentos no futuro.
Além disso, se as conclusões do consórcio forem confirmadas, a GPR56 poderá
servir como marcador para indicar quem deve responder, ou não, às drogas mais
utilizadas hoje.
Os cientistas
analisaram mudanças na atividade dos genes de 400 pacientes tratados com
antidepressivos. Eles identificaram aqueles que responderam bem aos remédios e
aqueles que não responderam. Além disso, contaram com um terceiro grupo que
consumiu placebo, para servir de controle. Os resultados indicaram mudanças
significativas nos níveis da proteína naqueles indivíduos que melhoraram com o
tratamento farmacológico. A mesma alteração não foi observada no grupo que não
respondeu, nem no grupo placebo.
A proteína, que pode
ser detectada facilmente com um exame de sangue, já tinha sido estudada em
ratos e em tecidos humanos. A equipe canadense descobriu que a GPR56 se altera
na depressão, e também se modifica com a administração de antidepressivos.
Essas mudanças são mais evidentes no córtex pré-frontal, área do cérebro
envolvida na regulação de emoções e no aprendizado.
Cerca de 40% dos
pacientes respondem ao primeiro antidepressivo receitado pelo psiquiatra. Após
outras tentativas, a taxa de resposta sobe para 70% ou mais, mas ainda existem
cerca de 20 ou 30% de indivíduos considerados resistentes ao tratamento
farmacológico. Há outras possibilidades terapêuticas para essas pessoas, mas
quanto mais cedo a melhora vem, menor o tempo de sofrimento e o risco de
suicídio.
Se você ou alguém que
você conhece começou um tratamento contra depressão e não obteve melhora após
algumas semanas com as doses indicadas pelo médico, não perca a esperança, e
muito menos largue o medicamento por conta própria. Converse com o psiquiatra
sobre outros recursos disponíveis. E lembre-se que psicoterapia, atividade
física e apoio familiar também são fundamentais para sair do quadro.
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