sábado, 25 de abril de 2020

HIPERTENSÃO: 17% DAS CRIANÇAS BRASILEIRAS PODEM ESTAR ACOMETIDAS PELO PROBLEMA...



Doença chama a atenção por aumentar o risco de complicações pelo COVID-19.

              

Neste domingo (26) é marcado como o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, e o assunto voltou a ganhar destaque após autoridades mundiais em Saúde afirmarem que pessoas com o problema estão no grupo de risco de sintomas mais graves para o Coronavírus. A hipertensão ocorre quando a pressão do sangue causada pela força de contração do coração e das paredes das artérias para impulsionar o sangue para todo o corpo acontece de forma intensa, provocando danos na estrutura. Apesar de mais comum na fase adulta, no Brasil há uma parcela considerável de crianças e adolescentes acometidos pelo problema.

Cardiologista e Pediatra da Singular Medicina de Precisão, Naiara Galvão alerta que a Organização Mundial da Saúde estima que no Brasil cerca de 17% das crianças estejam acometidas pela hipertensão. A justificativa está na hereditariedade e em questões ambientais, relacionadas ao sedentarismo e alta ingestão de calorias, explica a médica:

“Nos últimos anos houve um acréscimo significativo nas taxas de sobrepeso e obesidade em crianças associado a sedentarismo e alto consumo de calorias. O resultado disso é uma população jovem sob risco de desenvolver hipertensão arterial sistêmica, considerada um problema de saúde mundial. Embora predomine na idade adulta, a hipertensão arterial em crianças e adolescentes não é desprezível. No Brasil, a Organização Mundial da Saúde estima que 17% da crianças estejam acometidas”.

A hipertensão é dividida nos tipos primária e secundária. O primeiro caso é também conhecido como hipertensão essencial, aquela relacionada à obesidade, hereditariedade e alimentação inadequada. Pode ocorrer desde crianças a partir dos seis anos de idade com sobrepeso ou obesidade, que tem histórico familiar de hipertensão e nas quais outra causa para a hipertensão não é apontada no histórico clínico ou exame físico. Nestes casos elas podem ser diagnosticadas com hipertensão primária. 

A hipertensão secundária é a mais frequente em crianças, e aparece como consequência de outras doenças. As três principais causas de hipertensão secundária em crianças relacionam-se a doenças do parênquima renal, doença arterial renal e coarctação de aorta. A lista de outras causas é extensa, estando relacionadas também a prematuridade, distúrbios do sono, uso de medicações (como corticosteóides, anfetaminas e descongestionantes), displasia broncopulmonar (neonatos), doenças endócrinas como hipertireoidismo, dentre outras. 

Os sintomas de hipertensão primária são semelhantes aos que ocorrem em adultos, alerta a médica. Dores no peito, dor de cabeça, tonturas, zumbido no ouvido, fraqueza, visão embaçada e sangramento nasal são os principais. Outros sintomas podem surgir caso a hipertensão seja secundária a outra doença: diferença de pulso entre os membros na coarctação de aorta, por exemplo.

DIAGNÓSTICO.
O pediatra deve realizar em consultório a medida de pressão arterial em todas as crianças a partir dos 3 anos de idade e antes disso, caso existam outras comorbidades, alerta Naiara Galvão. Aferida a pressão, o passo seguinte é comparar o valor encontrado com as tabelas normatizadas para idade, sexo e estatura. Devem ser feitas aferições em ocasiões diferentes, sendo consideradas 3 medidas alteradas para o estabelecimento do diagnóstico. Importante ressaltar que o aparelho utilizado deve ter medida adequada ao tamanho da criança.

TRATAMENTO.
Quando o diagnóstico de hipertensão primária é estabelecido, o primeiro passo é a adoção de hábitos de vida saudáveis, alerta a médica: “Deve ser feito o aconselhamento quanto à perda de peso, atividade física aeróbica regular 3 a 5 vezes por semana, por 30 a 60 minutos. Nos casos em que as modificações do estilo de vida não são suficientes, torna-se necessário o uso de medicações voltadas a reduzir a pressão arterial. O tratamento da hipertensão secundária deve ser voltado para a remoção da causa da hipertensão sempre que possível. No caso da coarctação de aorta, o tratamento é através de cirurgia ou cateterismo. Hipertensão causada por tumores como feocromocitoma e neuroblastoma são tratados primariamente através de cirurgia”.

O reconhecimento precoce e a intervenção através da investigação e tratamento são necessários para diminuir a morbidade e mortalidade cardiovascular e renal - isso porque a hipertensão é um fator de risco importante e independente para doença cardiovascular, acidente vascular cerebral e doença renal. Naiara destaca que a intenção é que a pressão volte ao valor normal: “O objetivo do tratamento é reduzir a pressão para o valor de normalidade de acordo com sexo, idade e estatura, e o tratamento, seja ele farmacológico ou não farmacológico, deverá ser mantido por toda a vida. Nos casos de hipertensão secundária, a cura pode acontecer conforme a doença de base”.

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