Doença chama a atenção
por aumentar o risco de complicações pelo COVID-19.
Neste domingo (26) é marcado como o Dia Nacional de Prevenção e Combate à
Hipertensão Arterial, e o assunto voltou a ganhar destaque após autoridades
mundiais em Saúde afirmarem que pessoas com o problema estão no grupo de risco
de sintomas mais graves para o Coronavírus. A hipertensão ocorre quando a
pressão do sangue causada pela força de contração do coração e das paredes das
artérias para impulsionar o sangue para todo o corpo acontece de forma intensa,
provocando danos na estrutura. Apesar de mais comum na fase adulta, no Brasil
há uma parcela considerável de crianças e adolescentes acometidos pelo
problema.
Cardiologista e Pediatra da Singular Medicina de Precisão, Naiara Galvão
alerta que a Organização Mundial da Saúde estima que no Brasil cerca de 17% das
crianças estejam acometidas pela hipertensão. A justificativa está na
hereditariedade e em questões ambientais, relacionadas ao sedentarismo e alta
ingestão de calorias, explica a médica:
“Nos últimos anos houve um acréscimo significativo nas taxas de sobrepeso
e obesidade em crianças associado a sedentarismo e alto consumo de calorias. O
resultado disso é uma população jovem sob risco de desenvolver hipertensão
arterial sistêmica, considerada um problema de saúde mundial. Embora predomine
na idade adulta, a hipertensão arterial em crianças e adolescentes não é
desprezível. No Brasil, a Organização Mundial da Saúde estima que 17% da
crianças estejam acometidas”.
A hipertensão é dividida nos tipos primária e secundária. O primeiro caso é também conhecido como hipertensão essencial, aquela relacionada à obesidade, hereditariedade e alimentação inadequada. Pode ocorrer desde crianças a partir dos seis anos de idade com sobrepeso ou obesidade, que tem histórico familiar de hipertensão e nas quais outra causa para a hipertensão não é apontada no histórico clínico ou exame físico. Nestes casos elas podem ser diagnosticadas com hipertensão primária.
A hipertensão secundária é a mais frequente em crianças, e aparece como
consequência de outras doenças. As três principais causas de hipertensão
secundária em crianças relacionam-se a doenças do parênquima renal, doença
arterial renal e coarctação de aorta. A lista de outras causas é extensa,
estando relacionadas também a prematuridade, distúrbios do sono, uso de medicações
(como corticosteóides, anfetaminas e descongestionantes), displasia
broncopulmonar (neonatos), doenças endócrinas como hipertireoidismo, dentre
outras.
Os sintomas de hipertensão primária são semelhantes aos que ocorrem em
adultos, alerta a médica. Dores no peito, dor de cabeça, tonturas, zumbido no
ouvido, fraqueza, visão embaçada e sangramento nasal são os principais. Outros
sintomas podem surgir caso a hipertensão seja secundária a outra doença:
diferença de pulso entre os membros na coarctação de aorta, por exemplo.
DIAGNÓSTICO.
O pediatra deve realizar em consultório a medida de pressão arterial em
todas as crianças a partir dos 3 anos de idade e antes disso, caso existam
outras comorbidades, alerta Naiara Galvão. Aferida a pressão, o passo seguinte
é comparar o valor encontrado com as tabelas normatizadas para idade, sexo e
estatura. Devem ser feitas aferições em ocasiões diferentes, sendo consideradas
3 medidas alteradas para o estabelecimento do diagnóstico. Importante ressaltar
que o aparelho utilizado deve ter medida adequada ao tamanho da criança.
TRATAMENTO.
Quando o diagnóstico de hipertensão primária é estabelecido, o primeiro
passo é a adoção de hábitos de vida saudáveis, alerta a médica: “Deve ser feito
o aconselhamento quanto à perda de peso, atividade física aeróbica regular 3 a
5 vezes por semana, por 30 a 60 minutos. Nos casos em que as modificações do
estilo de vida não são suficientes, torna-se necessário o uso de medicações
voltadas a reduzir a pressão arterial. O tratamento da hipertensão secundária
deve ser voltado para a remoção da causa da hipertensão sempre que possível. No
caso da coarctação de aorta, o tratamento é através de cirurgia ou cateterismo.
Hipertensão causada por tumores como feocromocitoma e neuroblastoma são tratados
primariamente através de cirurgia”.
O reconhecimento precoce e a intervenção através da investigação e
tratamento são necessários para diminuir a morbidade e mortalidade
cardiovascular e renal - isso porque a hipertensão é um fator de risco importante
e independente para doença cardiovascular, acidente vascular cerebral e doença
renal. Naiara destaca que a intenção é que a pressão volte ao valor normal: “O
objetivo do tratamento é reduzir a pressão para o valor de normalidade de
acordo com sexo, idade e estatura, e o tratamento, seja ele farmacológico ou
não farmacológico, deverá ser mantido por toda a vida. Nos casos de hipertensão
secundária, a cura pode acontecer conforme a doença de base”.
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