São Paulo, Manaus e Rio
de Janeiro concentram mais áreas de alta vulnerabilidade de contágio.
Um levantamento do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) analisou o grau de
vulnerabilidade socioespacial à Covid-19 em 12 regiões metropolitanas do
Brasil, além da Região do Distrito Federal e entorno.
Os pesquisadores
dividiram o mapa dessas regiões em pequenas áreas intraurbanas – denominadas
Unidades de Desenvolvimento Humano – e classificaram cada uma delas a partir da
combinação de fatores socioeconômicos, demográficos e infraestruturais urbanos
que aumentam o risco de propagação da doença entre a população.
As RMs que apresentaram
mais UDHs de alto ou muito alto grau de vulnerabilidade à Covid-19 foram São
Paulo (SP), Manaus (AM), Rio de Janeiro (RJ), Belém (PA), Belo Horizonte (MG),
Salvador (BA) e Fortaleza (CE). Na relação das localidades com menos áreas de
alta ou muito alta vulnerabilidade de contaminação aparecem Goiânia (GO),
Vitória (ES), Porto Alegre (RS), Curitiba (PR) e a Região Integrada de
Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride/DF).
O estudo permite às
autoridades observar áreas que merecem maior atenção no que diz respeito às
estratégias de enfrentamento da crise sanitária. Na RM de São Paulo, por
exemplo, das 2.815 UDHs mapeadas, 27,3% são consideradas de alto ou muito alto
grau de vulnerabilidade socioespacial à doença. No Rio de Janeiro, essa
proporção é de 23,2% em 2.229 UDH. Em Manaus, 23,7% em 270 UDHs.
No total, a pesquisa
avaliou a situação em 9.061 UDHs das 12 RMs e da Ride/DF. Quase metade das UDHs
pode ser considerada de baixo grau de vulnerabilidade socioespacial. A outra
metade apresenta algum grau de vulnerabilidade socioespacial à contaminação
pelo novo coronavírus, sendo que cerca de 20% delas estão nos níveis alto ou
muito alto.
A pesquisa toma como
base dados que associam o maior risco de avanço de epidemias a características
socioeconômicas, demográficas, domiciliares e de infraestrutura das UDHs. Para
classificar essas áreas intraurbanas, os pesquisadores analisaram indicadores
do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), do Índice de
Vulnerabilidade Social sobre Infraestrutura Urbana, da densidade demográfica
bruta e da ocorrência de setores subnormais (ocupações com padrão urbanístico
irregular e carência de serviços públicos).
Os autores do estudo
ressaltam que o fato de uma região metropolitana apresentar menor proporção de
UDHs com alto grau de vulnerabilidade não deve ser entendida como
contraindicação às medidas preventivas que vêm sendo adotadas, como o
isolamento social, pois há outros elementos determinantes na propagação da
Covid-19.
Marco Aurélio Costa, um
dos pesquisadores do Ipea responsáveis pelo estudo, afirma que a análise socioespacial
permite “reconhecer as particularidades da evolução da pandemia, favorecendo o
desenho de estratégias específicas para enfrentá-la de acordo com as
características de cada território, em suas diferentes escalas”.
Os autores sugerem que,
além das medidas de isolamento social e as práticas de higiene pessoal já
recomendadas por autoridades nacionais e internacionais de saúde, os
governantes adotem ações emergenciais para melhorar as condições de saneamento
básico – como o fornecimento de água onde o abastecimento é irregular ou
inexistente e a disponibilização de caixas d’água –, especialmente nas áreas
mais vulneráveis.
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