FONTE: Helena Martins, da Agência Brasil, em Brasília (noticias.uol.com.br).
A aids é mais
recorrente entre homens do que entre mulheres, no Brasil, mas a diferença vem
diminuindo ao longo dos anos, segundo o Ministério da Saúde. Em 1989, a
proporção era de seis casos de aids no sexo masculino para cada caso no sexo
feminino. Em 2011, a equivalência baixou para 1,7 caso em homens para cada caso
em mulheres - de uma proporção de 500% caiu para 70%.
Hoje (1º), Dia
Mundial de Luta contra a Aids, a diretora da Federação Internacional de
Planejamento Familiar, Carmen Barroso, destacou que também é preciso atentar
para a questão de gênero quando o assunto é saúde. Em entrevista à Agência
Brasil, ela afirmou que as mulheres são mais vulneráveis à doença, e as
soropositivas sofrem mais preconceito.
"O mais
importante é a vulnerabilidade social do que a vulnerabilidade biológica,
porque a menina sente muito mais pressão para ter uma relação sexual sem
proteção do que o rapaz. O rapaz tem mais controle se usa ou não uma
camisinha", destacou Carmen.
O estigma, o
preconceito e o estereótipo também incidem com mais força nas mulheres. Baseada
em pesquisas feitas na América Latina, ela aponta que "tanto na família
quanto no trabalho, a mulher é muito mais exposta à violência ou ao estigma do
que o homem".
De acordo com a
especialista, que atua junto às comissões da Organização das Nações Unidas
(ONU), contribuindo com estudos sobre aids, gênero e saúde, a relação desigual
de poder que ainda existe em muitos casais acaba tornando a mulher vulnerável.
Na hora de optar por usar a camisinha, por exemplo, muitas mulheres não se
sentem com poder de negociação diante dos homens, o que também está relacionado
à dependência econômica e outras relações desiguais entre os gêneros.
Essa situação pode
ser confirmada quando são analisadas as formas de contágio com o vírus. Dados
do Ministério da Saúde apontam que 86,3% das mulheres soropositivas, em 2012,
foram infectadas por meio de relações heterossexuais. Entre os homens, essa
situação gerou 43,5% dos casos.
Já em relação à
transmissão, tem diminuído a chamada transmissão vertical do HIV, que é quando
o vírus passa da mãe para o bebê, o que o Ministério da Saúde avalia ser fruto
de políticas voltadas para as gestantes. Nessas situações, Carmen Barroso
destaca que é papel dos serviços de saúde divulgar a existência do teste, a
importância do teste, para que toda mulher escolha fazê-lo ou não.
"Tem que
respeitar a autonomia da mulher grávida, ela tem o direito de ser informada
sobre o teste e suas implicações, e ela tem o direito à confidencialidade.
Aquele resultado é ela que deve saber, e é ela que deve divulgar, se quiser
divulgar", avalia Carmen.
Segundo o ministério,
quando as medidas preventivas são adotadas, a chance de transmissão
vertical cai para menos de 1%. Dentre essas medidas estão o uso de
medicamentos antirretrovirais durante o período de gravidez e no trabalho
de parto.
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