FONTE: *** Cintia Baio, Colaboração para o UOL (noticias.uol.com.br).
Entre as inúmeras
histórias que existem sobre a possível origem do café, existe uma que diz que,
certo dia, um pastor que viveu na Etiópia há cerca de mil anos notou que suas
cabras pareciam ganhar uma energia extra sempre que mastigavam os frutos de cor
avermelhada que brotavam nos arbustos existentes em alguns campos de pastagem.
Intrigado com a
história, ele comentou o que observava com um monge da região. Então, o monge
apanhou alguns desses frutos, começou a usá-los como infusão e percebeu que
aquilo o ajudava a ficar acordado durante longas horas. A história se espalhou
entre os monastérios e todo mundo quis experimentar.
Se a lenda é
verdadeira ou não, ainda não sabemos. Mas o fato é que a bebida, que hoje
conhecemos como café, caiu no gosto de pessoas do mundo todo. Quem não conhece
alguém que só consegue "começar bem o dia" depois de uma boa xícara
de café? Ou que diz que o almoço só fica completo com um cafezinho para
finalizar?
Para se ter uma
ideia, só em 2014, os brasileiros consumiram cerca de 81 litros de café por
pessoa, segundo uma pesquisa coordenada pela Embrapa. Se considerarmos que uma
xícara de café tem 50 ml, daria, aproximadamente, 4 xícaras por dia.
Somos viciados?
De tão popular, a
bebida é sempre alvo de muitos estudos, que ora dizem que não tem nada melhor
para certos problemas de saúde, ora dizem que não tem nada pior. Mas uma coisa
é certa: café não vicia.
O vício em café é
algo muito mais psicológico do que biológico, ou seja, é um vício por
habitualidade. Quando a pessoa deixa de consumir a bebida, tem uma sensação de
abstinência
Miguel
Antonio Moretti, médico e
pesquisador do Incor (Instituto do Coração).
Nesse caso, o café
poderia ser substituído por qualquer outro alimento e causaria o mesmo efeito.
Efeito cafeína.
Então significa que
tomar café não nos deixa tão "ligados" assim?
Essa sensação de ter
uma dose extra de energia é real, resultado da ação da cafeína (um dos
compostos do café), em nosso sistema nervoso central. Mesmo doses baixas a
moderadas (50 a 300 mg) provocam efeitos no nosso comportamento.
"Sabe-se que o
seu consumo frequente pode causar dependência psicológica moderada, aumentar a
vivacidade, a performance motora e mental devido à sua rápida absorção pelo
organismo", diz Rosana Perim Costa, gerente de nutrição do HCor (Hospital
do Coração), em São Paulo.
Mas mesmo que os
efeitos pareçam com os das drogas, estudos de mapeamento cerebral mostraram que
a cafeína não está ligada ao circuito de dependência do cérebro, ou seja, não
ela preenche os critérios para ser descrita como uma droga viciante.
Além disso, nem todo
mundo sente os mesmos efeitos. "Enquanto há pessoas que não conseguem
dormir após uma xícara de café, outras usam a bebida como um chazinho à noite e
dormem tranquilamente", afirma Moretti.
Para causar
dependência, seria preciso consumir a cafeína em altas doses, que vão muito
além daquilo que normalmente somos capazes de tomar por dia.
Quanto pode tomar, então?
Segundo os
especialistas, é recomendado o consumo de 400 ml a 500 ml por dia de café, ou
seja, quatro xícaras de 150 ml, inclusive para diabéticos.
Estudos recentes
sugerem que o consumo diário de até seis xícaras de café pode prevenir o
surgimento de diabetes tipo 2, segundo Costa, "devido à ação dos ácidos
clorogênicos e pela presença do magnésio e outros nutrientes que estão no café
que reduzem a absorção de glicose".
A melhor maneira de
consumir o café é coado. "Ao coar, mas sem fervê-lo com a água, é possível
manter a maior parte dos nutrientes", ressalta Moretti,
Lembrando que a
cafeína está presente em outras bebidas, como chá preto, refrigerantes e
chocolates.
No café, ela
representa apenas de 1% a 2,5% dos componentes -- 7 a 10% são ácidos
clorogênicos, responsáveis por grande parte da atividade antioxidante da
bebida, com potencial atividade antibacteriana, antiviral, e anti-hipertensiva.
Há ainda a niacina, que é uma vitamina do complexo B formada pela degradação de
um composto naturalmente presente no grão.
*** Fonte: ABIC - Associação Brasileira da Indústria de Café.
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