FONTE: *** Cintia Baio, Colaboração para o UOL, (noticias.uol.com.br).
Para muitos de nós,
ouvir a própria voz em uma gravação ou filmagem é constrangedor. Parece que
aquele som não é nada parecido com a voz que estamos acostumados a ouvir quando
falamos. Sabe o que faz com que a nossa voz seja tão diferente daquela gravada?
São as diferentes maneiras como o som é transmitido para o nosso ouvido
interno.
A maioria dos sons
alcança nossos ouvidos através de vibrações que chegam pelo ar. É o que
acontece, por exemplo, quando ouvimos as vozes de outras pessoas, o barulho da
chuva, uma música e a nossa própria voz gravada.
O som externo chega à
orelha, passa pelo canal auditivo e chega até a membrana timpânica (uma fina
camada que separa o ouvido externo do ouvido médio). Ao receber o som, a
membrana vibra e movimenta os menores ossos do corpo humano: o martelo, a
bigorna e o estribo, localizados no ouvido.
Esses pequenos ossos
transmitem o som até a porção mais interna do ouvido, chamada cóclea, onde
existem células que, quando estimuladas pelo som, liberam impulsos nervosos que
são transmitidos para o cérebro através do nervo auditivo.
No entanto, o ouvido
interno não é estimulado apenas por ondas de som externo. Ele também capta as
vibrações que acontecem dentro do próprio corpo. E é a combinação desses dois
tipos de captação (ar e ossos) que faz com que o som que você ouve quando fala
seja diferente daquele gravado.
Quando falamos, as
vibrações das cordas vocais ressoam na garganta e na boca e são transmitidas ao
ouvido interno pelos ossos da cabeça. Por sua vez, o ouvido interno vai
transformá-las em impulsos elétricos e enviá-las para o cérebro, como em
qualquer outro som.
No entanto, a
acústica do crânio reduzirá a frequência dessas vibrações ao longo do caminho e
adicionará tons mais graves a elas, o que não é possível de ser feito com os
sons vindos do ar.
O resultado é uma voz
mais limpa e mais suave que a gravada (e bem menos aguda).
Resumindo, quando
você ouve sua voz gravada, está a ouvindo a versão que contém apenas as
vibrações que viajam pelo ar. Quando você fala, o som é uma combinação de
vibração do ar e dos ossos.
Mas, afinal, as pessoas
ouvem minha voz como ela é na gravação ou como eu a ouço?
Como a maioria dos
sons viaja pelo ar, a voz gravada é a que mais se assemelha com a voz que
outras pessoas ouvem quando falamos. Por isso, é melhor se acostumar...
Por que as vozes são diferentes?
A voz é uma
característica tão exclusiva, que até gêmeos idênticos possuem vozes
diferentes.
As cordas vocais das
mulheres crescem menos que as dos homens, daí a frequência da voz feminina ser
mais aguda, por exemplo. Além das cordas vocais, alterações hormonais,
principalmente na adolescência, também influenciam no tipo de voz.
A voz que você chegar
à vida adulta será, provavelmente, a que te acompanhará por boa parte da vida.
No entanto, com o envelhecimento, ela tende a mudar, porque, depois de uma vida
toda de conversa, as cordas vocais e o tecido que a reveste começam a
enfraquecer e as membranas ficam mais finas e secas.
*** Fonte: Alexandre Enoki, otorrinolaringologista do
Hospital Paulista e The Washington Post.
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