FONTE: Camila Neumam, Do UOL, em São Paulo, (noticias.uol.com.br).
Dá para chegar ao orgasmo com sexo
anal? Sempre vai doer? Tem que lubrificar? Causa hemorroidas? Causa câncer? A prática
considerada milenar, mas que ainda é tabu nos dias atuais, é sempre permeada de
dúvidas. O UOL consultou especialistas para esclarecer alguns mitos e
verdades sobre o sexo anal.
Para Fábio Guilherme Campos,
presidente da Sociedade Brasileira de Coloproctologia, o primeiro passo para
ter prazer no sexo anal é fazer somente quando tiver vontade e se sentir
relaxado. Uma boa lubrificação e muita calma nessa hora também ajudam.
"O sexo anal é assim: ame-o ou
deixe-o. Por que há a tendência natural de se contrair a musculatura
responsável pela evacuação, os esfincteres anais, durante a penetração. Uma
posição relaxada, uma penetração lenta e pausada depois da lubrificação evitam
que a pessoa sinta dor", afirma Campos.
Mesmo na empolgação, o ideal é sempre
usar camisinha para evitar a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis:
o HIV, HPV, sífilis, gonorreia, entre outras. A camisinha evita ainda a
transferência de bactérias do ânus para a uretra e para a vagina, que pode
causar infecções urinárias tanto no homem quanto na mulher, alerta Eduardo
Bertero, coordenador-geral do Departamento de Andrologia da Sociedade
Brasileira de Urologia.
Mitos e verdades sobre sexo anal.
É possível ter
prazer anal.
Verdade. O prazer é
possível porque a região anal é repleta de terminações nervosas que causam boas
sensações. Alguns conseguem até chegar ao orgasmo quando estão bem relaxados.
A
pomada anestésica é indicada para ter mais prazer.
Mito. Produtos à base de xilocaína são contraindicados por causar
sensações de dormência no ânus e no pênis, que podem camuflar penetrações
abruptas com alto potencial de machucar a musculatura da região anal. A
anestesia também pode cortar a sensação de prazer .
Penetração vaginal
depois do sexo anal pode causar infecções.
Verdade. Essa sequência
sexual tende a transportar bactérias da região anal para a vagina, causando
vaginite, cistite e infecção urinária na mulher. Isso porque a região anal é
repleta de bactérias que não fazem mal à saúde desde que permaneçam onde estão.
Em contato com a uretra, elas causam as infecções urinárias também no homem.
Lavar bem o pênis ou usar camisinha e trocá-la entre um ato e outro corta o
perigo.
É
normal ocorrer sangramento após a relação.
Mito. Embora a mucosa
retal possa ter mais micro lesões porque é mais sensível, o sangramento pode
ser sinal de hemorroidas, de fissuras anais ou do esgarçamento da mucosa anal
que devem ser tratadas. É importante procurar um especialista para analisar a
região.
Devo usar
lubrificante toda vez que fizer sexo anal.
Verdade. É aconselhável
para evitar fissuras no ânus, área bastante vascularizada e sem lubrificação
natural. Podem ser usados lubrificantes a base de água ou os mais oleosos,
levando em conta que os primeiros têm duração menor já que a água tende a
secar. Por outro lado, os oleosos são um pouco mais difíceis de serem removidos
.
Sexo anal causa
hemorroidas.
Mito. O sexo anal não
causa hemorroidas, mas tende a piorar o problema se os sintomas estiverem
latentes, lesionando ainda mais o ânus. As hemorroidas são estruturas
vasculares que todo mundo tem, mas nem todos têm a doença inflamatória. Pessoas
que estão com sangramento ou com as hemorroidas expostas devem evitar a
prática, mas quem tem a doença tratada não obrigatoriamente precisa deixar de
fazer .
É normal ter dor
durante o sexo anal.
Parcialmente
verdade. Nem todas as pessoas experimentam dor, mas ela pode aparecer se a
pessoa ficar tensa, se não usar lubrificante antes do sexo ou se a transa for
muito prolongada. O ato intenso, sem lubrificação, pode causar fissuras no ânus
que causam dor. Processos inflamatórios ou infecciosos no canal anal também
tornarão o ato doloroso. Por isso, se tiver dor na hora do ato, pare e procure
um médico.
O sexo anal pode
causar câncer no reto ou no intestino.
Mito. O sexo anal não
causa o câncer em si, mas feito sem proteção aumenta a chance de transmissão de
doenças sexualmente transmissíveis como o HPV, que é potencialmente
cancerígeno.
Uso da camisinha evita DSTs e infecções.
Verdade. A camisinha é uma
barreira de proteção para HIV, HPV, sífilis, gonorreia e muitas outras doenças
sexualmente transmissíveis. Ela ainda evita o contato com as bactérias da
região anal, que se atingirem o canal da uretra pode causar infecções
urinárias.
Fazer
sexo anal alarga o ânus.
Parcialmente
verdade. A mudança no estreitamento do ânus é natural quando a área é bastante
estimulada, o que não significa um problema de saúde. A alteração não deve ser
confundida com a incontinência fecal, que é a perda parcial ou total da
capacidade de reter as fezes na hora de evacuar. O problema acontece quando há
lesão no esfíncter anal, que pode ocorrer durante um ou vários atos sexuais
feitos de forma abrupta, mas é raro.
Tomar laxante antes
é indicado.
Mito. O laxante pode
causar diarreia com fezes líquidas, o que seria uma tragédia na hora do ato.
Pior: não se sabe quando o laxante vai fazer efeito.
Devo fazer uso do
"chuveirinho" antes da relação.
Parcialmente verdade. A prática conhecida também como lavagem intestinal
visa a retirar o excesso de fezes que ficam impregnadas no intestino através de
um jato de água em direção ao ânus. Com isso, tende a diminuir as chances de o
ativo contrair infecções pelo contato com bactérias. Mas a prática é contraindicada
por alguns especialistas, que indicam somente a evacuação antes de transar e a
higienização externa do ânus.
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