FONTE: *** Do UOL, em São Paulo (noticias.uol.com.br).
Você não pode ver um
pelo de gato que já começa a espirrar? Adora camarão, mas comer a iguaria é um
passe direto para o hospital mais próximo? O culpado pela sua alergia pode ter
sido o sexo entre os primeiros humanos e neandertais. É o que sugerem dois estudos
publicados de maneira independente no começo deste mês na American Journal
of Human Genetics, uma das principais publicações mundiais na área da
genética.
As investigações
afirmam que os genes causadores de alergias podem ter sido passados para os primeiros
seres humanos quando eles conviviam com neandertais e denisovanos, uma espécie
separada de hominídeo primitivo que vivia na Ásia, depois de os humanos
deixarem a África.
Estudos anteriores já
haviam mostrado que as pessoas que hoje vivem na Europa e na Ásia herdaram, em
média, de 1% a 2% do genoma neandertal. Os neandertais viveram até cerca de 40
mil anos na Europa, antes de serem extintos. Há 50 mil anos, os humanos
modernos migraram da África, se misturando aos neandertais.
Essas duas espécies
de hominídeos (neandertais e denisovanos) teriam vivido por centenas de
milhares de anos na Ásia e Europa e se adaptado bem ao clima, aos recursos
alimentares e aos agentes patogênicos da região. "Estes três ajustes
vantajosos beneficiaram o homem moderno, através dessa mistura", afirmou
Janet Kelso, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária, da
Alemanha, autor de um dos estudos.
A mistura deve ter
ajudado os humanos modernos, entre outras coisas, a melhor se adaptarem ao meio
ambiente mais frio, equipando-os, por exemplo, com uma melhor resistência a
doenças ou facilitando o processamento de novos recursos alimentares.
Os genes neandertais.
Pesquisadores
financiados pelo Instituto Pasteurs, na França, estudaram a evolução da chamada
"imunidade inata" – os humanos já nascem com uma infecção antes mesmo
de que se manifestam no corpo – através dos dados disponíveis no projeto 1000
Genomas, juntamente com as sequências do genoma de hominídeos antigos. A equipe
se focou em uma lista de 1.500 genes conhecidos por desempenhar um papel no
sistema imunológico inato.
Os cientistas
descobriram que certos genes de defesa da família dos chamados receptores do
tipo Toll (TLR, sigla de toll-like receptors) têm maior frequência de
neandertal do que outras partes do genoma humano. Os receptores - TLR1, TLR6 e
TLR10 - atuam no sistema de defesa imunológica. Esses genes TLR podem combater
componentes de bactérias, fungos e parasitas.
Os cientistas
ressaltaram, entretanto, que não esclareceram ainda qual o exato papel da
herança deixada pelos neandertais na saúde do homem moderno.
"Acreditamos que
houve uma fase em que era vantagem possuir essas variantes neandertal",
sublinhou o pesquisador Michael Dannemann, do Instituto Max Planck. Os humanos
podem, assim, ter obtido melhores defesas contra doenças.
Por outro lado,
também podem ter aumentado sua sensibilidade a alergias, pois uma atividade
elevada destes genes pode, segundo Dannemann, também levar a respostas imunes
alteradas sob influências ambientais antes inofensivas. "Isso é encontrado
até hoje no ser humano. Mas se isso ainda continua sendo uma vantagem,
desvantagem ou se é completamente indiferente, é algo que não sabemos",
pondera o cientista.
*** Com agências.
Nenhum comentário:
Postar um comentário