A lista de problemas é extensa:
refrigerante é o sexto alimento mais consumido, só metade toma mais de 5 copos
de água por dia, 80% consomem sódio em excesso e todos ingerem menos cálcio e
vitamina E do que o adequado.
Uma
pesquisa inédita feita pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em
parceria com o Ministério da Saúde, mostra que adolescentes seguem uma dieta de
alto risco para problemas cardiovasculares, renais e obesidade. A lista de
problemas é extensa: refrigerante é o sexto alimento mais consumido, só metade
toma mais de 5 copos de água por dia, 80% consomem sódio em excesso e todos
ingerem menos cálcio e vitamina E do que o adequado. O trabalho tem por base um
inquérito com estudantes de 12 a 17 anos, feito em 1.247 escolas espalhadas
pelo País.
"Vivemos
em uma transição do padrão africano, onde a fome era prevalente, para o padrão
americano, onde a obesidade predomina", afirmou a diretora do Departamento
de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção à Saúde,
Fátima Marinho. A epidemiologista considera que o fenômeno identificado agora
entre adolescentes já ocorre há alguns anos na população adulta. "Nossa
tarefa é tentar reverter esse padrão, sobretudo com população mais jovem."
O
conjunto de hábitos retratado na pesquisa preocupa. Mais da metade faz
refeições sempre ou quase sempre na frente da TV. Quando não é o prato de
comida, é o salgadinho. Dos entrevistados, 40% disseram que comem petiscos
enquanto estão com o aparelho ligado e 73,5% passam duas horas ou mais vendo TV
ou no computador. "Trabalhos mostram que, quando a pessoa faz refeições
com companhia, há uma tendência maior de se prestar atenção no que se está
comendo, reduzindo excessos", afirmou a coordenadora de Alimentação e
Nutrição do Ministério da Saúde, Michele Lessa.
Arroz e feijão.
A boa
notícia está na permanência do hábito brasileiro de colocar no prato arroz e
feijão. São os itens de alimentação mais consumidos pelos jovens, com 81,75% e
67,95%, respectivamente. No entanto, doces e refrigerantes, com 44,97% e
39,33%, por sua vez, estão mais bem colocados do que frutas e hortaliças
(33,97%). No Nordeste, o consumo de frutas e hortaliças é tão baixo que não
figura entre os 20 alimentos mais usados.
O
padrão entre adultos é ainda mais desanimador. Estudo feito por telefone com
moradores com mais de 18 anos das capitais do País mostra que 19% do
brasileiros têm o hábito de consumir refrigerantes e sucos artificiais e 20%
consomem doces 5 vezes por semana ou mais. O hábito reflete diretamente na
obesidade: 18,6% são obesos - em 2010, eram 15%.
A
estudante Morgana Miranda, de 18 anos, por exemplo, diz que toma refrigerante
todos os dias e o hábito a acompanhou durante toda a adolescência. "Até
penso em tomar suco, mas vou comer uma batata frita e não combina." Já na
casa da estudante Tifany Ito, de 17 anos, sempre tem suco de caixa,
diariamente. "Fazer suco natural dá muito trabalho."
Endocrinologista
do Centro de Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Tarissa
Petry diz que, por praticidade, brasileiros estão deixando de consumir
alimentos naturais, mas que isso pode trazer sérias consequências para a saúde.
"Estamos diagnosticando a obesidade cada vez mais cedo. Esses jovens vão
ter diabete, hipertensão, enfarte e AVC mais cedo também."
Propaganda.
O
ministro da Saúde, Ricardo Barros, destacou que a propaganda de alimentos ricos
em sal, açúcar e gordura e com excesso de álcool poderia ser
"aprimorada", sem dizer, no entanto, o que poderia ser feito. Mas
assinou uma portaria que proíbe, a partir de hoje, a venda, promoção,
publicidade ou propaganda de alimentos industrializados, ultraprocessados, com
excesso de açúcar, gordura e sódio dentro das unidades do ministério. O mesmo
vale para eventos patrocinados e ele espera que a medida seja replicada por
outros órgãos de governo.
*** Colaborou Paula
Felix.


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