FONTE: Redação RedeTV!
(www.redetv.uol.com.br).
Pesquisadores espanhóis do Instituto de Salud Global
realizaram um estudo que apontou que o paracetamol durante a gravidez pode
estar associado a casos de autismo e Transtorno
do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). A pesquisa foi publicada
na sexta-feira (1º) pela revista International Journal of Epidemiology.
Para chegar à conclusão, eles analisaram o uso do
medicamento em mais de 2.500 mães e crianças, e descobriram que os casos
de autismo eram maiores entre os meninos, enquanto o TDAH em ambos os sexos.
Segundo os cientistas, o remédio pode afetar os receptores do cérebro durante o
desenvolvimento, conforme reportado pelo jornal britânico "Daily Mail".
Após um estudo pioneiro sobre essa relação, os cientistas
disseram que conseguiram apresentar resultados diferentes entre meninos e
meninas. No caso de mães cuja droga foi tomada, os filhos (meninos)
apresentavam um aumento de 30% nas chances de mostrar comprometimento nas
funções de atenção e um aumento de dois sintomas clínicos associados ao
autismo.
Um total de 2.644 pares (mãe e
filho) foram convocados para participar da pesquisa. Destes, 88% foram
avaliados quando a criança ainda tinha um ano de idade, e o restante aos cinco
anos de idade. As mães foram questionadas sobre o uso de paracetamol durante a
gravidez, e a frequência desse uso era classificada entre nunca,
esporadicamente e persistentemente.
O resultado foi de 43% das crianças avaliadas com
um ano de idade, e 41% entre as de cinco anos, foram expostas ao paracetamol em
algum momento da gravidez entre as primeiras 32 semanas.
"O paracetamol poderia ser
prejudicial para o desenvolvimento neurológico por várias razões. Em primeiro
lugar, ele alivia a dor ao atuar sobre os receptores de canabinóides do
cérebro. Dado que estes receptores, normalmente, ajudam a determinar como os
neurônios amadurecem e se conectam entre eles, o paracetamol poderia alterar
estes processos", disse o coautor Dr. Jordi Júlvez, do Instituto para
Saúde Global de Barcelona.
A autora do estudo, Claudia
Avella-Garcia, afirmou que o paracetamol poderia afetar também o
desenvolvimento do sistema imunológico. Segundo ela, o medicamento "ser
tóxico para alguns fetos, por não terem a mesma capacidade que um adulto de
metabolizar esse tipo de droga, ou criar estresse oxidativo". Ainda
poderia haver uma explicação para que os meninos sejam os mais propensos a ter
sintomas de autismo. "O cérebro masculino é mais vulnerável às influências
nocivas enquanto no início da vida", pontua Garcia.
Apesar da precisão da pesquisa, os
autores afirmaram que mais estudos precisam ser feitos, conduzidos com dosagens
mais precisas da medicação, já que entre as voluntárias não havia informações
confiáveis sobre a quantidade ingerida durante a gravidez para creditar os
valores de riscos.
Comentando o estudo, o médico Dr.
James Cusack, diretor de ciência na ONG Austistica, disse que
ele "não oferece evidências suficientes para apoiar a alegação de
associação entre o remédio e os sintomas de autismo". Além disso, para ele
os resultados são apenas "preliminares".
Orientações oficiais indicam que
o medicamento só deve ser tomado durante a gravidez caso seja necessário, e
pelo menor tempo possível.
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