FONTE: Leia Já, TRIBUNA DA BAHIA.
Entre os distúrbios ligados à imagem corporal estão anorexia, bulimia, obesidade e cirurgias plásticas e bariátricas.
Corpos
magros e jovens formatam o padrão de beleza na mentalidade cultural dos dias de
hoje. As redes sociais, com suas galerias de fotos, reforçam esse desejo de ser
belo a todo custo. Vem da moralização do que é considerado bonito e do culto
excessivo ao corpo um sintoma social contemporâneo cada vez mais frequente: as
doenças da beleza.
Foi
esse o tema abordado na conferência da psicóloga Joana Novaes, na última
sexta-feira (31), no segundo dia de programação do II Congresso
Multidisciplinar de Saúde, que ocorre em Belém, no Hangar. Na quinta-feira
(30), Joana também ministrou um minicurso no evento. Ela é doutora em
Psicologia Clínica pela PUC-Rio, onde coordena o Núcleo de Doenças da Beleza, e
é autora de dois livros: “O Intolerável Peso da Feiura” e “Com Que Corpo Eu
Vou?”.
Na
linha da Psicanálise, atenta-se para o desejo excessivo de estar no padrão
magro da beleza e para a grande quantidade de pessoas insatisfeitas com sua
aparência. “É cada vez mais raro que a gente consiga encontrar um sujeito contemporâneo
plenamente satisfeito com uma relação generosa, com a sua própria aparência e
confortável dentro da própria pele”, disse Joana.
Ao
longo da conferência, a psicóloga falou sobre sintomas, tratamentos e sobre o
que reforça e potencializa esse adoecimento em massa, como lembranças de
infância, rituais de comidas, experiências em família e principalmente a
intermediação da alimentação desregrada. O indivíduo vai construindo ao longo
da sua história, mas sobretudo na infância, possíveis relações de anorexia,
bulimia ou sobrepeso. É uma questão alimentar afetiva. “Quem se deixa
envelhecer sem eliminar os traços deselegantes do envelhecimento, quem se deixa
engordar sem subtrair do corpo essa gordura, esse excesso corporal, é visto
como preguiçoso, desleixado”, analisou Joana. Essa moralização da beleza atinge
de modo mais severo a mulher. “Nós mulheres temos uma relação [com o corpo]
muito mais persecutória, de maior cobrança social e subjetiva. Temos um olhar,
um imaginário social muito mais feroz, muito mais severo”, comentou a
psicóloga.
O
Núcleo de Doenças da Beleza está voltado para o atendimento psicológico de
portadores de distúrbios relacionados à imagem corporal. Anorexia, bulimia,
vigorexia, ortorexia, obesidade, cirurgias plásticas, bariátricas e ginecologia
estética são trabalhadas em uma perspectiva multidisciplinar. O projeto
contempla o atendimento em hospitais da rede pública do Rio de Janeiro, além da
comunidade da PUC.
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