sábado, 1 de abril de 2017

INSATISFAÇÃO COM O CORPO GERA DOENÇAS DA BELEZA...

FONTE: Leia Já, TRIBUNA DA BAHIA.

Entre os distúrbios ligados à imagem corporal estão anorexia, bulimia, obesidade e cirurgias plásticas e bariátricas.

Corpos magros e jovens formatam o padrão de beleza na mentalidade cultural dos dias de hoje. As redes sociais, com suas galerias de fotos, reforçam esse desejo de ser belo a todo custo. Vem da moralização do que é considerado bonito e do culto excessivo ao corpo um sintoma social contemporâneo cada vez mais frequente: as doenças da beleza.
Foi esse o tema abordado na conferência da psicóloga Joana Novaes, na última sexta-feira (31), no segundo dia de programação do II Congresso Multidisciplinar de Saúde, que ocorre em Belém, no Hangar. Na quinta-feira (30), Joana também ministrou um minicurso no evento. Ela é doutora em Psicologia Clínica pela PUC-Rio, onde coordena o Núcleo de Doenças da Beleza, e é autora de dois livros: “O Intolerável Peso da Feiura” e “Com Que Corpo Eu Vou?”.
Na linha da Psicanálise, atenta-se para o desejo excessivo de estar no padrão magro da beleza e para a grande quantidade de pessoas insatisfeitas com sua aparência. “É cada vez mais raro que a gente consiga encontrar um sujeito contemporâneo plenamente satisfeito com uma relação generosa, com a sua própria aparência e confortável dentro da própria pele”, disse Joana.
Ao longo da conferência, a psicóloga falou sobre sintomas, tratamentos e sobre o que reforça e potencializa esse adoecimento em massa, como lembranças de infância, rituais de comidas, experiências em família e principalmente a intermediação da alimentação desregrada. O indivíduo vai construindo ao longo da sua história, mas sobretudo na infância, possíveis relações de anorexia, bulimia ou sobrepeso. É uma questão alimentar afetiva. “Quem se deixa envelhecer sem eliminar os traços deselegantes do envelhecimento, quem se deixa engordar sem subtrair do corpo essa gordura, esse excesso corporal, é visto como preguiçoso, desleixado”, analisou Joana. Essa moralização da beleza atinge de modo mais severo a mulher. “Nós mulheres temos uma relação [com o corpo] muito mais persecutória, de maior cobrança social e subjetiva. Temos um olhar, um imaginário social muito mais feroz, muito mais severo”, comentou a psicóloga.

O Núcleo de Doenças da Beleza está voltado para o atendimento psicológico de portadores de distúrbios relacionados à imagem corporal. Anorexia, bulimia, vigorexia, ortorexia, obesidade, cirurgias plásticas, bariátricas e ginecologia estética são trabalhadas em uma perspectiva multidisciplinar. O projeto contempla o atendimento em hospitais da rede pública do Rio de Janeiro, além da comunidade da PUC.

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