FONTE: André Carvalho, Do UOL, em São Paulo.
Um novo medicamento, testado em
pessoas que já realizavam o uso de outros remédios, reduz o colesterol ruim
(LDL) em cerca de 60% além dos níveis já atingidos anteriormente. A informação
consta em estudo publicado na New England Journal of Medicine, que também
apontou a redução do risco de infartos e de acidente vascular cerebral em
pessoas que sofrem de arteriosclerose.
O teste, realizado com 27.564
pacientes que já adotavam estatina para inibir a formação de colesterol no
organismo, causou uma redução de 27% do risco de infarto e de 21% do risco de
AVC dos envolvidos.
O estudo apontou que a cada 74
pessoas que tomaram a droga por dois anos um ataque cardíaco ou acidente
vascular cerebral foi evitado.
O medicamento, aprovado pela Anvisa
desde 2016, é recomendado para quem não responde ao tratamento com estatina,
remédio adotado há décadas como tratamento regular por dezenas de milhões de pessoas no
mundo com colesterol alto.
A atuação do novo medicamento, o
evolocumabe, no corpo é diferente da ação da estatina. Em vez de atuar
diretamente na inibição da formação do colesterol, o evolocumabe neutraliza uma
proteína (PCSK9) que impede que o fígado elimine o colesterol ruim do corpo.
"Quanto mais proteínas PCSK9
você tem no corpo, menos receptores ativos no fígado você tem [para bloquear o
colesterol]. Ao bloqueá-los, você aumenta a reciclagem desses receptores que
captam e eliminam o colesterol", explica o cardiologista Francisco
Fonseca, presidente da Sociedade Latino-Americana de Arteriosclerose.
Os dados, no entanto, mostram que a
droga não teve impacto na redução da mortalidade cardiovascular.
O evolocumabe aparece como
alternativa para quem não podem se medicar com estatina, por conta de efeitos
colaterais ou de respostas não satisfatórias no tratamento da doença --tanto a
FDA quanto a Anvisa recomendam o remédio a portadores de hipercolesterolemia
familiar homozigótica, hipercolesterolemia e dislipidemia mista.
Quando usado em níveis máximos, a
estatina reduz em média 50% do nível de colesterol ruim no corpo, explica
Fonseca. A média geral de redução, porém, é um pouco mais baixa, entre 30% e
50%, já que nem todos que têm este tipo de colesterol podem tomar os níveis
máximos de estatina no tratamento.
"Entre 10% e 20% de pacientes
não pode tomar o nível máximo de estatina por conta de dores musculares. Além
disso, 1 a cada 300 pessoas tem alterações genéticas que faz com que tenham um
nível muito alto de colesterol, que só a estatina não é suficiente no
tratamento", afirma o cardiologista.
Efetivo, mas caro.
"Os testes mostraram que ele é
muito efetivo e muito seguro também, porque estes anticorpos monoclonais agem
só no plasma e não dentro dos tecidos, dentro das células", indica
Fonseca.
A grande restrição ao uso do
medicamento, no entanto, é seu preço --cerca de R$ 33 mil por ano, no Brasil.
"Esse medicamento ainda tem um custo elevado, não pode ser empregado por
todas as pessoas", diz Fonseca, frisando que ele deve ser reservado
"aos indivíduos com maior risco cardiovascular".
No Brasil, a principal causa de morte
são as doenças cardiovasculares --em 2014, foram registradas 340.284 mortes relacionadas à
doenças do aparelho circulatório.
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