Depois de um período de
jejum, por causa da fase pós-parto, é normal querer voltar a transar. No
entanto, as mudanças hormonais e físicas, a ansiedade e até possíveis
dificuldades de adaptação à nova rotina podem atrapalhar os planos do casal. O
segredo para encarar essa fase é ter muita calma, não ignorar as recomendações
médicas e respeitar os próprios limites, conforme ensinam as dicas a seguir:
1. Não tenha pressa
para voltar logo à ativa.
No caso do parto
normal, o recomendado é esperar de 30 a 40 dias para retomar o sexo com
penetração. Esse período é necessário para que o interior do útero pare de
sangrar e cicatrize. Caso tenha sido realizada a episiotomia (incisão no
períneo para facilitar a retirada do bebê), é o tempo ideal para uma completa
cicatrização da região. Nessa fase, além de dolorosa a penetração há o risco
de a mulher desenvolver algum tipo de infecção no útero. Já a cesárea, por
conta do corte maior, requer entre 60 a 90 dias de espera para uma transa
completa. E, conforme o útero retoma seu estado normal, é comum sentir cólicas
que podem aumentar durante a amamentação.
2. Respeite a sua
vontade.
É normal que o desejo
sexual seja afetado nesse período. Isso acontece porque a prolactina, o
hormônio responsável pela produção de leite, afeta
não só a libido como ainda provoca ressecamento
vaginal. Então, mesmo depois do tempo de
"resguardo", volte à ativa conforme sua vontade. É bom lembrar que a
ansiedade e o medo interferem nas emoções e influenciam, sim, a retomada da
vida sexual, deixando a mulher menos confortável e mais tensa. Isso tudo se
soma à situação que já é naturalmente mais complicada, por conta dos hormônios
e da nova rotina. Vá com calma e não ultrapasse seus limites.
3. Cuide bem do corte
para evitar problemas.
Se o bebê nasceu de
parto normal e você precisou fazer uma episiotomia, mantenha a cicatriz bem
limpa, lavando-a com sabonete durante o banho ou após ir ao banheiro fazer suas
necessidades fisiológicas. Seque bem a região, que pode ficar dolorida. Os
pontos devem cair sozinhos. Quem se submeteu à cesárea também deve limpar bem o
corte e seguir à risca as orientações médicas sobre esforço físico, carregar
peso etc. Os pontos são retirados no consultório depois de 8 ou 10 dias. Esses
cuidados evitam possíveis infecções que comprometem a genitália e retardam
ainda mais o retorno à vida sexual.
4. Sangramento não é
motivo de medo.
Após o nascimento do
bebê, você pode notar um sangramento que pode durar até 40 dias. Não se trata
de menstruação nem é sinal de algo grave. Esse sangramento ocorre porque o
corpo está eliminando o material que revestia o útero durante a gestação.
Inicialmente, o fluxo intenso tem coloração avermelhada. À medida que o útero
se contrai e vai voltando ao tamanho normal, o fluxo diminui e se torna rosa,
passando por marrom até ficar amarelado. Quem fez parto normal tem um fluxo
mais intenso, já que a retirada da placenta estimula a expulsão dos tecidos
restantes, promovendo a regeneração uterina. Atenção: se o fluxo for muito intenso,
com coágulos grandes, cheiro ruim ou se você tiver febre e calafrios é sinal de
que alguma coisa está errada. Procure o ginecologista imediatamente.
5. Lubrificante é
essencial.
É fato: por conta da
ação dos hormônios, as mulheres tendem a ficar menos lubrificadas depois do
parto, especialmente se estão amamentando. Então, mesmo que seja dado o sinal
verde para o sexo, é possível que a lubrificação ainda não seja a ideal. Nesse
caso, além de o par caprichar nas preliminares,
é importante investir em um lubrificante à base de água para que o atrito do
pênis não cause desconforto ou dor.
6. Informe-se sobre
medidas contraceptivas.
Converse com seu
ginecologista sobre formas de contracepção, principalmente se estiver
amamentando. Camisinhas lubrificadas podem ser boas aliadas do sexo nessa fase,
já que métodos como a pílula anticoncepcional combinada e o anel vaginal podem
afetar o suprimento de leite.
7. Posição ideal? A que
você se sentir bem.
Assim que seu médico
liberar o sexo, você pode se sentir em dúvida sobre qual posição é a melhor. A
verdade é: a que você conseguir se sentir confortável. No início, algumas mulheres
preferem transar de conchinha (com o par penetrando a vagina por trás), porque
se sentem acolhidas e a penetração não é tão intensa. Mas variações como
papai-mamãe e de quatro também são permitidas, desde que você esteja a fim.
8. Leite pode vazar
durante o sexo.
Por conta dos estímulos
e da produção hormonal a todo vapor, é comum, em muitos casos, que o leite
comece a jorrar durante a transa. Se isso for um incômodo para você ou para o
par, a sugestão é usar sutiã com absorvente de seios quando for fazer sexo.
Caso o leite não atrapalhe nada e até vire uma brincadeira sexual entre o
casal, tudo bem.
9. Lembre-se: sexo não
é só penetração.
Mesmo depois de o
médico liberar o sexo, é possível que o casal passe por um período de
readaptação: o cansaço, a nova rotina, as mudanças hormonais e físicas e a
presença de um novo ser em casa, às vezes, provocam estranhamento e
desconforto. Assim, nem sempre acontece um retorno triunfal ao mundo do prazer
conforme o esperado. Porém, nada os impede de explorar novos caminhos e
carícias e de retomar tudo aos poucos. Aliás, o ideal é que o casal não deixe
de namorar, trocar carinhos, beijos, abraços e até praticar sexo
oral
durante a "quarentena". Aproveitem para se unir mais e, com amor e
dedicação, renovarem a relação, na cama e fora dela.
*** FONTES: Cristina
Carneiro, ginecologista e obstetra, de São Paulo (SP), e Leila Cristina,
terapeuta sexual e autora de "O grande livro do amor e sexo" (Ed.
Literare).
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