FONTE: *** Lia Bock, https://liabock.blogosfera.uol.com.br
Essa semana vi um vídeo
tocante do UOL Tab sobre como pessoas
gordas se livraram das pressões impostas e hoje lutam
contra o preconceito. Vale demais o clique pra gente entender porque fizemos
tudo errado quando o assunto é respeito aos obesos. Os depoimentos são
esclarecedores e impactantes. Coisas como “os médicos sempre quiseram tratar a
minha gordura, mas nunca pensaram em cuidar da minha cabeça, de como eu estava
me sentindo”. Forte.
Daí me veio em mente
uma frase escrita de forma crítica e questionadora pela escritora e colega
Maria Clara Drummond: “somos
todxs desconstruídas até a calça não fechar mais”.
As duas coisas ficaram
pairando na minha cabeça. De um lado, mulheres gordas poderosas, lutando para
serem respeitadas e compreendidas. Do outro, mulheres magras sofrendo e pirando
porque a calça 36 não está cabendo. De um lado, o sofrimento de quem foi
estigmatizado desde cedo transformado em ativismo. Do outro, uma massa oprimida
pela mídia e que segue cega reafirmando conceitos impostos como se fossem
escolhas pessoais.
Há tanta verdade no
discurso das mulheres consideradas plus size e tanta dor disfarçada de
opinião no discurso das magras de farmácia.
O mundo nos impôs uma
beleza esquálida e categorizou de GG as que vestem 42. Fomos acostumadas a isso
e o “tamanho único” ganhou contornos doentes, torturantes. Somos um exército
frito na ideia de que a magreza é bonita e valiosa. E cada vez quem uma mulher
diz “nada contra, mas eu prefiro ser magra”, parte do pensamento crítico
presente nesta massa encefálica morre de desgosto. Não, meu amor, você prefere
ser magra porque assim nos foi imposto, porque assim nos foi ensinado. Porque
vimos gordos e gordas serem excluídos e perseguidos e vimos magras serem
condecoradas rainhas de tudo que foi coisa.
Então, da próxima vez
que a calça não fechar, ao invés de se punir ou chorar, pense na oportunidade
que seu corpo está te dando de repensar valores e conceitos que não
questionamos porque… por que mesmo?!
Sobre
a autora.
A jornalista Lia Bock
começou a publicar os textos sobre relacionamento que escrevia desde a
adolescência em 2008, no site da revista TPM, onde se tornou redatora-chefe.
Passou por publicações como Isto É, Veja SP e TRIP e foi colunista de sexo da
GQ. É autora do livro "Manual do Mimimi: do casinho ao casamento (ou
vice-versa)". Já morou em Pirenópolis e em Londres. Nasceu em 1978 e é mãe
de dois meninos.
Sobre
o blog.
Um espaço para pensatas
e divagações sobre sexo, filhos, coração partido, afetações apaixonadas e o
espaço da mulher no mundo.
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