O Alzheimer,
marcado principalmente por uma perda progressiva da memória, é uma doença
angustiante. Mesmo com tantos avanços da medicina, não há um tratamento
curativo e nem sua causa é conhecida direito. Mas pesquisadores britânicos
sugerem que um dos possíveis vilões por trás dessa demência é um velho
conhecido nosso: o vírus do herpes.
Dois professores das
universidades de Manchester e Edimburgo,
no Reino Unido, publicaram recentemente um comentário sobre três estudos
taiwaneses no periódico Journal of Alzheimer’s Disease.
Eles argumentaram que os trabalhos trazem fortes evidências de que há uma
ligação entre essa infecção e o Alzheimer.
Entre os levantamentos
orientais, um se destaca. Seus autores observaram, de 2001 a 2010, 8 362
indivíduos de 50 anos ou mais que manifestaram, no ano 2000, sintomas
consideráveis da presença do vírus herpes simplex tipo 1 – bolhas na boca ou no
corpo, por exemplo. E aqui cabe um pequeno anexo: boa parte da população
mundial carrega esse agente infeccioso no corpo, mas muitos nunca apresentam
sinais visíveis disso.
Voltando ao
experimento, os cientistas compararam essa turma com um grupo de controle
formado por 25 086 pessoas sem quaisquer evidências de infecção pelo vírus. Ao
final da pesquisa, concluiu-se que o risco de desenvolver Alzheimer foi 2,5
vezes maior nos pacientes que sofreram pra valer com o herpes. Porém, entre
esse pessoal especificamente, tal probabilidade era dez vezes menor se eles
tivessem recebido drogas contra o vírus. Ou seja, o antiviral pode ter
protegido esses indivíduos contra a demência.
Segundo a
neurocientista Ruth Itzhaki – umas das professoras que comentou os estudos –, o
vírus do herpes consegue se instalar no cérebro de idosos,
quando eles são infectados. Aí, caso os mais velhos tenham um determinado fator
genético, em algum momento de imunidade baixa o inimigo pode se reativar e,
quem sabe, provocar uma bagunça nos neurônios capaz de desencadear o Alzheimer.
“Acreditamos que esses
antivirais seguros e facilmente disponíveis podem ter um papel importante no
combate à doença”, afirma a professora, em comunicado à imprensa.
Porém, é importante
entender que o Alzheimer ainda é um desafio para os médicos. “O estudo é muito
interessante, mas se trata de uma observação inicial, que deve ser aprofundada
antes de tirarmos quaisquer conclusões”, pontua Rubens Gagliardi, presidente
da Academia
Brasileira de Neurologia (ABN). “De qualquer jeito,
precisamos estar atentos às possibilidades ventiladas pelas novas pesquisas”,
encerra.
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