Por volta dos 3 meses,
um bebê começa a sorrir, sem que ninguém precise ensinar a ele como fazer isso.
O reconhecimento do som de uma risada, porém, começa bem antes, ainda dentro do
útero — especialmente se for a da mãe. Dá para dizer, assim, que nascemos
sabendo que risadas são um indicativo de alegria, descontração, tranquilidade.
E isso é uma função
socialmente importante que possivelmente impulsionou a evolução da espécie — ao
rirmos, indicamos que viemos em paz, que somos amigáveis e que está tudo bem.
Provocamos uma atitude positiva em quem observa, que facilita a interação
social e a cooperação mútua, especialmente em grandes grupos. Dependendo do
contexto, também facilita a aproximação sexual.
Menos dor.
Em termos biológicos,
um dos motivos que pode explicar porque rimos é que rir aumenta nossa
capacidade de suportar a dor. Um estudo feito pela Universidade de Oxford e
publicado no periódico Proceedings B, da Royal Society britânica,
mostrou que os pacientes que assistiram a comédias suportaram melhor a dor,
causada por uma capa térmica congelada a uma temperatura de -16ºC, do que
aqueles que assistiram a vídeos considerados entediantes.
A resposta está num
neurotransmissor chamado endorfina — produzido pelo sistema nervoso central,
tem propriedades analgésicas e é liberado quando rimos.
Uma expressão que todos
entendem.
Por fim, é interessante
saber que o riso é considerado a única linguagem universal — estudo realizado
por cientistas da Universidade College London, na Inglaterra, mostrou
que este é um som sempre reconhecido como algo positivo, mesmo por
indivíduos com estilos de vida totalmente diferentes.
Para chegar a esta
conclusão, os cientistas trabalharam com um grupo de ingleses e outro de
africanos, de uma pequena tribo na Namíbia. Este segundo grupo vivia num local
sem eletricidade, água encanada, educação formal e pouco ou nenhum contato com
comunidades de fora. Para cada grupo, foram contadas histórias que tinham como
base um tipo de emoção (raiva, tristeza, alegria).
Ao final, ouvia-se dois
sons, cada um denotando um tipo de sentimento. A tarefa dos voluntários era,
então, indicar qual deles melhor refletia a emoção ligada à história — sendo
que os sons ouvidos num grupo haviam sido coletados no outro. Em ambos os
agrupamentos, os sons que denotavam emoções básicas, como raiva, medo e
tristeza, foram relativamente bem reconhecidos. A risada, no entanto, se
destacou como o único som positivo reconhecido em ambos os grupos.
*** Fontes:
Fábio Porto, neurologista do Hospital das Clínicas,
em São Paulo, Patricia Bado, neurocientista e pesquisadora do Instituto D’Or de
Pesquisa e Ensino, no Rio de Janeiro, e Silvia Mitiko Nishida, professora do
Departamento de Fisiologia no Instituto de Biociências da Unesp, em Botucatu
(SP).
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