Das dores capazes de
tirar nosso sossego, as de cabeça estão entre as mais frequentes – cerca de 90%
da população sofrem com algum tipo dela em algum momento da vida, de acordo com
a Organização Mundial da Saúde (OMS). Os especialistas classificam as cefaléias
em primárias (quando a dor em si é o problema) e secundárias (quando a dor é
sintoma de outra patologia). A grande maioria das ocorrências é do primeiro
tipo.
“Mas não é por isso que
dá para descuidar quando a dor ataca em intensidade ou frequência diferente do
que você está acostumado ou vem acompanhada de outros sintomas”, avisa o
neurologista Daniel Ciampi de Andrade, professor do Departamento de Neurologia
da Faculdade de Medicina da USP. Veja quando é melhor consultar um médico do
que apenas tomar um analgésico.
A dor piora
gradativamente.
Pode ser um sinal da
presença de um aneurisma, que é a dilatação de uma artéria que irriga o cérebro
e pode se romper e sangrar ou comprimir estruturas vizinhas. Vale saber que
é possível viver anos com um aneurisma cerebral e não apresentar sintomas.
Se a dor de cabeça ficar mais forte com o tempo e não responder a analgésicos,
no entanto, fique atento. Fatores genéticos, hipertensão e tabagismo, além de
traumas na cabeça, estão entre as principais causas que levam à formação de
aneurismas cerebrais.
A dor ataca de repente.
Uma cefaleia súbita e
lancinante é típica do rompimento de um aneurisma cerebral e do vazamento de
sangue no tecido cerebral, causa de um acidente vascular cerebral (AVC)
hemorrágico. Conseguir atendimento médico o mais rápido possível é fundamental
para minimizar o risco de sequelas, que podem ir da perda de movimento e
funções cognitivas até a morte.
Você perde força e
movimentos.
Uma dor de cabeça comum
associada com dificuldade para falar e andar, paralisia facial, tontura e
formigamento nos membros, tontura pode sinalizar que alguém está sofrendo um
AVC hemorrágico
ou isquêmico (quando o entupimento de uma artéria por coágulo impede a
irrigação do cérebro). Procure atendimento médico imediatamente.
A dor surge depois de
uma pancada.
Você pode até se sentir
bem depois de um trauma na cabeça, mas é importante ficar atento aos sintomas e
a possíveis mudanças físicas e no comportamento nas primeiras 48 horas. A
batida pode comprimir alguma área do cérebro ou provocar uma hemorragia intracraniana
por causa do rompimento de alguma veia local. As consequências variam
dependendo da região afetada, mas alterações na fala, visão ou movimentos,
sonolência, confusão mental e formigamento no corpo, além de dor de cabeça, são
alguns sinais de alerta.
Você também tem febre.
Se uma dor de cabeça
forte vier acompanhada do aumento da temperatura corporal e, às vezes, vômito,
pode ser meningite. Trata-se da inflamação das meninges (membranas que recobrem
o cérebro) decorrente de um processo infeccioso por vírus ou bactéria. Ambas
são contagiosas e pedem cuidados, sendo que a meningite bacteriana é mais comum
(há vários tipos de agentes causadores) e mais perigosa, pois pode causar danos
cerebrais permanentes (como problemas de memória e concentração), convulsões,
perda parcial ou total da visão e até levar à morte.
Você tem mais de 50
anos.
A idade aumenta o risco
de diversas doenças inflamatórias e autoimunes e mesmo uma dor de cabeça que
parece comum passa a merecer mais atenção. A arterite temporal é um exemplo:
trata-se da inflamação de vasos sanguíneos cranianos, o que compromete a
circulação sanguínea local. Se sentir dor latejante nas laterais da testa e no
couro cabeludo, fraqueza na mandíbula e nos membros superiores, procure a
emergência do hospital, pois a demora no diagnóstico (feito por exame de
sangue) e no tratamento pode levar a cegueira permanente.
*** Fontes: Daniel Ciampi de Andrade, professor do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da USP; Alexandra Raffaini, médica anestesiologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP; Aline Turbino, neurologista e chefe do setor de cefaleia da residência médica do Hospital Santa Marcelina, em São Paulo.
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