Não é de hoje que as
pessoas recorrem aos inibidores de apetites para perder peso e controlar a
compulsão alimentar. Porém, muitas destas drogas provocam taquicardia e outros problemas
do coração.
Isso, no entanto, pode
estar prestes a mudar. Esta semana, cientistas americanos relataram o que
dizem ser a primeira evidência clínica de uma droga que traz sucesso à perda de
peso sem colocar o coração e o sistema cardiovascular em risco: a lorcasserina.
A pesquisa foi financiada pelo laboratório que lançou o medicamento nos Estados
Unidos --o remédio já havia sido aprovado pelo FDA (Food and Drug
Administration) e no Brasil pela Anvisa.
"O estudo mostrou
pela primeira vez de forma rigorosa e aleatória que esta droga para perda de
peso ajuda as pessoas a perder peso sem causar um aumento nos eventos
cardiovasculares adversos em uma população com maior risco de ataques cardíacos
e derrames", explica Erin Bohula, um dos autores do estudo.
Para verificar se a
lorcasserina apresentava o mesmo tipo de problemas que seus antecessores, a
equipe realizou um estudo clínico de vários anos, no qual 12 mil pacientes com
sobrepeso ou obesidade com 64 anos receberam aleatoriamente uma dose duas vezes
ao dia do medicamento ou um placebo.
No final do estudo --em
que os participantes foram monitorados por um período de 3,3 anos-- aqueles que
tomaram o lorcasserina além de sofrerem intervenções de estilo de vida perderam
uma média de quatro quilos em média, quase o dobro da perda realizada por
aqueles que tomam o placebo.
Quanto ao risco de
problemas no coração e artérias, no grupo que tomou o medicamento, 6,1%
tiveram eventos cardiovasculares mais graves. O percentual foi quase o mesmo no
grupo que ingeriu apenas placebo (6,2%).
Saiba mais sobre a
lorcasserina.
A lorcasserina foi aprovada
pela Anvisa no final de 2016. Maria Edna de Melo, endocrinologista e diretora
da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome
Metabólica), diz que o principio ativo trabalha com a serotonina, mas apenas no
receptor do tipo 5HT2C, presente exclusivamente no hipotálamo. "Ela
aumenta a produção de um precursor polipeptídico que inibe e reduz a
fome", explica a médica. O fato do receptor estar presente apenas no
hipotálamos evita o aparecimento de alguns efeitos colaterais. "É nesta
região do cérebro também que se faz o controle do balanço calórico do corpo,
que controla quanto a gente come e o quanto nós consumimos", continua
Maria Edna. "Assim, ela age também na saciedade", complementa a
nutróloga Ana Luísa Vilela, de São Paulo (SP).
Quais efeitos
colaterais da lorcasserina?
Segundo a diretora da
Abeso, uma das características da lorcasserina é que a substância causa poucos
efeitos colaterais nos pacientes. Porém, apesar de baixos, é possível notar dor
de cabeça, náusea, tosse, boca seca e constipação. "Não é esperado que o
remédio tenha efeito psicológico".
As especialistas foram
entrevistadas para a matéria "Vicia?
Saiba como age a lorcasserina, novo remédio para emagrecer", em que
explicamos mais sobre o medicamento.
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