Uma das maiores
dificuldades na hora de convencer os jovens a manter distância do álcool e do
cigarro é que muitas das consequências terríveis dessas substâncias à saúde
demoram um tempo para aparecer. Mas estudos têm mostrado que os prejuízos já
podem ser observados cedo. Bem cedo. Com apenas 17 anos de idade, adolescentes
que bebem e fumam, mesmo que só de vez em quando, já têm as artérias
endurecidas.
Essa rigidez nas
artérias, as veias que alimentam o coração, indica o risco futuro de uma pessoa
sofrer infarto ou derrame. Por isso, os dados divulgados na Revista Europeia do
Coração são preocupantes.
A equipe de
pesquisadores, da Universidade College London, no Reino Unido, avaliou dados de
1.266 adolescentes durante um período de cinco anos, enquanto eles tinham de 13
a 17 anos de idade.
Como eles já esperavam,
o dano foi mais elevado para os jovens que bebiam e também fumavam cigarro. Mas
os efeitos foram observados mesmo entre aqueles que usavam as substâncias
eventualmente.
O único resultado
positivo é que a interrupção dos hábitos ainda na adolescência foi capaz de
fazer as artérias voltarem ao normal. Um em cada cinco jovens fumava no período
em que a pesquisa foi feita, risco que foi mais alto quando a família também
era tabagista. Naqueles que fumavam mais, o aumento relativo no nível de
enrijecimento das artérias foi de quase 4%.
Os adolescentes
demonstraram uma preferência maior por cerveja, e aqueles que consumiam mais de
dez latinhas em uma única ocasião, o chamado beber pesado episódico, ou
"em binge", tiveram um aumento relativo de 4,5% no endurecimento das
artérias.
Ao se comparar
adolescentes que bebiam e fumavam muito, o aumento ultrapassou 10% em
comparação com aqueles que nunca fumaram e que bebiam pouco. As quantidades
foram mais importantes do que o tempo de exposição às substâncias, segundo o
estudo.
O beber pesado
episódico também já causa danos no fígado mais rápido do que se imaginava,
segundo experimentos publicados no ano passado, com ratos, por cientistas da
Universidade da Califórnia. Nos animais, apenas 21 episódios de bebedeira foram
suficientes para causar um nível de inflamação no órgão que nem diversos anos
de consumo moderado são capazes de provocar.
Muitos desses jovens
que exageram apenas no fim de semana acabam diminuindo a quantidade depois que
amadurecem. Mas é possível que essa mudança de padrão ocorra quando os danos já
são irreversíveis. Por isso é bom aprender a moderar cedo.
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