Quem faz academia
provavelmente já ouviu que deve ficar na esteira por pelo menos 30 minutos para
o corpo queimar gordura, e que todo o esforço feito antes desse tempo só vale
como aquecimento. Não é bem assim. Essa teoria está ultrapassada e desmotiva
muita gente que pensa em começar a treinar com foco em emagrecer.
Quando o corpo começa a
queimar gordura?
No momento em que você
levanta da cama pela manhã e caminha até o banheiro para escovar os dentes, seu
organismo já começa a queimar gordura. É claro que em quantidade insignificante
para fazer diferença no peso mostrado na balança, mas o exemplo vale para
esclarecer que o corpo usa a gordura praticamente o tempo todo como
combustível para realizar suas atividades.
Ao começar uma
atividade física, o metabolismo não está preparado e precisa se adaptar à
demanda maior de energia proporcionada pelo exercício. Nesse primeiro
momento de "emergência", você tende a usar a glicose (proveniente dos
carboidratos), pois ela está dentro do músculo (em forma de glicogênio) e
também disponível mais facilmente na corrente sanguínea do que a gordura,
que precisa ser "quebrada".
Depois, o corpo se
"acostuma" e passa a usar tanto a glicose quanto a gordura. É difícil
cravar quanto tempo isso leva para acontecer, pois depende de adaptações de
cada organismo, tipo de treino etc. Mas
certamente não serão 30 minutos. Quando o organismo se adapta ao esforço, o que
determina qual será o combustível predominantemente usado é a intensidade do
exercício.
Qual a intensidade
ideal para queimar gordura?
Teoricamente,
exercícios aeróbicos moderados e leves usam gordura como principal fonte de
energia, enquanto atividades intensas priorizam o consumo glicose --pois o
corpo necessita de energia rápida. Mas isso não quer dizer que um treino
moderado é o mais eficiente para reduzir o estoque de gordura corporal,
como se acreditou durante muito tempo.
Hoje, a maior parte dos
especialistas defende que modalidades aeróbicas (corrida, caminhada,
ciclismo, natação) feitas em alta intensidade são as mais eficientes para
mobilizar os estoques de gordura. Motivo: mesmo que a gordura não seja o
principal combustível, esse tipo de treino proporciona grande gasto calórico e
gera um estresse muito grande no organismo. Assim, você gasta muita energia
para se recuperar do esforço e o metabolismo pode ficar acelerado por até 48
horas, aumentando a queima de gordura.
Como é difícil fazer
continuamente um exercício intenso, o indicado é investir em um treino
intervalado, em que você realiza grande esforço por
um curto período, descansa e depois repete a sequência. É possível obter
bons resultados com menos de 30 minutos de atividades nesse formato.
Seu corpo aprende a
queimar gordura.
O segredo para otimizar
a capacidade de uso da gordura pelo organismo é a regularidade no treinamento,
que leva ao bom condicionamento físico. Com o tempo, podemos dizer que o
corpo "entende" que sempre vai necessitar de energia para enfrentar
um estresse (o exercício). Então, melhora o processo de utilização de gordura
como combustível. A variação de estímulos também ajuda: quanto mais células
e tecidos envolvidos na tarefa, maior a capacidade de uso do nutriente.
***
Fontes: Antonio
Herbert Lancha Jr., coordenador do Laboratório de
Nutrição e Metabolismo da Escola de Educação Física e Esporte da USP
(Universidade de São Paulo); Mario Charro, coordenador dos cursos de pós-graduação
em educação física da FMU; Páblius Staduto Braga, médico do esporte e
gestor do Centro de Medicina Especializada do Hospital Nove de Julho; Aline
Perez, educadora física e treinadora da academia Bio Ritmo.
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